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França admite: não poderá cumprir  meta da dívida

'El País' destaca distância de políticas econômicas alemãs

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Em artigo publicado no jornal espanhol El País nesta quarta-feira (13), o correspondente de Paris do periódico Miguel Mora destacou que a França não poderá cumprir a meta de 3% para sua dívida para este ano. "Com a atividade econômica do país emperrada e a ausência de estímulos à economia do bloco europeu, o país se verá obrigado a rebaixar sua projeção de crescimento, que segundo analistas deveria passar dos atuais 0,8% para de 0,3% a 0,1%, enquanto o déficit ultrapassará pelo menos meio ponto percentual dos 3% previstos", escreve Mora. 

O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, afirmou na quarta-feira (6) passada que a meta para este ano não poderá ser atingida, mas acrescentou que a França "cumprirá seu compromisso de déficit zero em 2017". De acordo com Ayrault, o crescimento na França, na Europa e no mundo é mais fraco do que o previsto. "Na terça-feira (5), o presidente François Hollande já havia afirmado que 'de nada serve manter os objetivos se não podem ser cumpridos'", ressaltou em artigo o jornalista espanhol. 

Para ele, o governo francês, com o anúncio, acata as advertências do Tribunal de Contas, do FMI, do Consensus Forecast e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que são unânimes em afirmar ser impossível para o país reduzir a dívida às taxas esperadas porque crescerá neste ano muito menos do que os 0,8% planejados. 

Ele lembrou que, em dezembro, a União Europeia (UE) estava disposta a abrir mão de cobrar as dívidas da Espanha e França, "dois sócios comerciais prioritários cujas economias dependem em boa medida uma da outra", acrescentou Moura. 

Olli Rehn, da Comissão Europeia (CE), afirmou na última quarta-feira (6) que os membros da UE poderão se beneficiar de um atraso para corrigir suas dívidas excessivas se o crescimento (econômico) não avançar da forma esperada. O comissário lembrou que no passado decisões dessa natureza foram tomadas em países como Espanha, Portugal e Grécia, e a condição para receber a medida foi fazer ajustes orçamentais exigidos pela CE. 

"Cada vez mais distante da Alemanha, e por isso da União Europeia, a França não admitiu publicamente a possibilidade de pedir mais tempo para diminuir sua dívida. Hollande tentou convencer Angela Merkel, sem sucesso, da necessidade de estimular o consumo e, inclusive, pediu uma mudança na política monetária para reduzir a força do euro", escreveu o jornalista. 

A França alega que um euro forte prejudica suas exportações e seu déficit comercial, que em 2013 atingiu os 67 bilhões de euros, após ter registrado recorde negativo (74 bilhões de euros) no ano anterior. Em 2012, as exportações aumentaram 3,2% e as importações, 1,3%.