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Governo após negar, admite que examina aumento dos combustíveis

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Depois de negar "qualquer existência sobre reajuste (no valor) da gasolina", as autoridades brasileiras mudaram o discurso e acenaram para um possível aumento no preço dos combustíveis já a curto prazo. Segundo o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, o assunto "vem sendo examinado com todo o cuidado e toda a prudência, porque não desejamos complicar o problema da inflação".

A expectativa é que a elevação fique entre 4% e 10%. Na última sexta-feira (12), a diretora da Petrobras, Maria das Graça Foster foi enfática sobre a necessidade do aumento dos preços para maior captação de recursos para a estatal, que amargou prejuízo de R$ 17 bilhões no seu último terceiro trimestre.

A elevação dos preços é importante para que a Petrobras possa realizar o seu plano de US$ 236,5 bilhões para o ano de 2013. Cerca de 65% da arrecadação da estatal vem da venda de todos os combustíveis que produz.  

O reajuste acontece todo ano, porém, em 2012, o incremento não foi repassado aos consumidores em função de uma redução da Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico (Cide). Além disso, por determinação do governo, a empresa vinha vendendo combustível mais barato no país em comparação ao exterior. O objetivo era baratear a gasolina e o diesel para incentivar o crescimento do país, através do aumento do consumo e a maior competitividade dos produtos industrializados. 

Especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil concordam que a elevação é importante para melhorar a performance da Petrobras, mesmo afetando os níveis de inflação, como acenou o ministro Lobão. 

Aumento do combustível, inflação elevada?

Analista da corretora Geração Futuro, Lucas Brendler acredita que o governo terá uma janela de oportunidade para anunciar a elevação dos preços, entre janeiro e março, já que neste período entra em vigor a redução das tarifas de energia. "Este aumento precisa vir para recompor a capacidade de geração de caixa da Petrobras e garantir o plano de investimento da companhia, até porque boa parte deste plano é representado pelo PAC. Então tem interesses do governo para aumentar este investimento".

O especialista acredita que o aumento terá consequências nos índices de inflação, mas afirma que as políticas em relação a Petrobras não podem continuar como estão. "A empresa não pode vender o produto mais barato do que custou produzir ou importar. Esta diferença ainda aumenta com os outros gastos de refinamento, impostos, etanol, distribuição", adverte. 

O economista José Bonifácio Amaral Filho, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) alerta para os impactos na inflação, mas concorda com a necessidade de elevação nas tarifas. "O impacto, caso o aumento seja só na gasolina será menor, afetará mais o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), o consumidor final. Mas se for no diesel também, aí teremos aquele efeito multiplicador na economia, já que todo o nosso transporte é feito através da malha rodoviária a base do diesel. Mas é importante mesmo assim", finaliza.