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Inadimplência no varejo tem alta pelo 3º ano consecutivo

Segundo CNDL e SPC, o aumento em 2012 foi de 1,90%

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As vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 6,75% em 2012 em comparação ao ano anterior, enquanto a inadimplência aumentou 1,90%, informou nesta quarta-feira a Confederação Nacional de Dirigentes lojistas (CNDL) e o SPC Brasil. É o terceiro ano consecutivo de elevação da inadimplência, segundo a série histórica da CNDL. Em 2010, a inadimplência foi de 2,85% e, em 2011, subiu 5,34%.

De acordo com o SPC Brasil, o resultado decorre da conjuntura econômica favorável ao consumo. Além das recentes quedas da taxa básica de juros, que começou 2012 em 11% ao ano e encerrou o período em 7,25% ao ano, as prorrogações na redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a facilidade no acesso ao crédito contribuíram com o aquecimento do mercado.

Em relação a dezembro de 2012, as vendas registraram alta de 1,12% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas caíram 0,91% em relação a novembro. "Esse resultado reflete a preocupação dos consumidores em não se endividarem, tendo em vista as compras de Natal e os compromissos com contas sazonais de início de ano, como Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e matrículas escolares", explica a economista Ana Paula Bastos, do SPC Brasil.

Cancelamento

A CNDL e o SPC Brasil informaram ainda que o número de cancelamento de registros subiu 21,5% em dezembro em relação a novembro. Isso significa que mais pessoas procuraram os serviços de proteção ao crédito para limparem seus nomes. Em relação ao mesmo mês de 2011, o crescimento foi de 1,08% e, no acumulado do ano, foi de 0,43%.

Esse crescimento, segundo Ana Paula Bastos, é considerado natural e responde às expectativas do setor, uma vez que grande parte se deu em função da injeção de pelo menos R$ 131 bilhões na economia brasileira, decorrente da segunda parcela do 13º salário.

As entidades lojistas também divulgaram recomendações para que os consumidores não fiquem inadimplentes em suas compras. Segundo a CNDL e o SPC Brasil, as pessoas devem privilegiar pagamentos à vista; devem fazer planejamento financeiro com uma planilha mensal de gastos, além de preferir um número menor de prestações nas compras a prazo.

Na mesma linha, os consumidores também devem somar os juros e calcular o preço final dos produtos comprados a prazo (para ter uma ideia do valor pago em juros); não devem se ater ao valor da prestação e sim ao preço final da mercadoria, e manter uma "reserva financeira" por segurança. Outra recomendação é que os consumidores não comprometam toda sua renda com compras.

Perspectivas

Para 2013, a perspectiva dos lojistas é de um cenário otimista tendo em conta a previsão de crescimento da economia e do emprego, além de medidas estruturais como a redução no custo da energia e dos tributos, que podem aumentar a competitividade da indústria brasileira e favorecer o consumo.

A previsão da CNDL e do SPC Brasil é de crescimento de 3% a 4% na indústria e de 6% no comércio. Para as vendas, a perspectiva de aumento é de 6,5%, abaixo dos 7,5% previstos pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).

"Vamos trabalhar com uma margem mais dentro do normal. Vamos ser conservadores para depois chegar a uma margem maior", relativizou a economista do SPC.