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Baixo investimento privado freia  crescimento do PIB

Avaliação é de economistas ouvidos pelo JB

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O crescimento do Produto Interno Bruto poderia ter sido maior se o setor privado aumentasse os investimentos no país. É o que dizem economistas ouvidos pelo Jornal do Brasil. Conforme o ministro da Fazenda anunciou nesta sexta-feira (30), o crescimento econômico foi de 0,6% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o imediatamente anterior. O avanço é considerado abaixo do esperado, pois o governo federal aguardava crescimento de pelo menos 1% neste período.

Para Tiago Berriel, da Escola de Pós Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mesmo com os estímulos do governo federal, que reduziu impostos e promoveu desoneração fiscal, a economia está demorando para reagir: 

"O que mais decepcionou no anúncio de hoje foi o investimento do setor privado. Ou seja, o que inibe o crescimento do PIB (baixo investimento do setor privado) é justamente onde o país deveria estar crescendo mais ", destacou. "A baixa confiança deste setor pode estar   relacionada com a crise do euro. Isto, certamente, deixa os empresários receosos. Neste caso, o melhor a fazer é diminuir cada vez mais a intervenção estatal e fomentar investimentos privados", ensina. 

Para o economista Alex Ferreira, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP, o principal desafio do governo federal neste momento é impactar a taxa de investimento.

“As medidas fiscais do governo, o maior desembolso do BNDES e as quedas na taxa de juros nominal básica e na taxa de juros real esperada (de um nível de 7% ao ano, para níveis próximos de 2% ao ano desde setembro de 2011), apesar de terem reduzido consideravelmente o incentivo a poupar, não conseguiram até o momento impactar significativamente a taxa de investimento", diz.

Ele também destaca a interferência de fatores externos que impactaram no crescimento econômico abaixo do esperado e a ausência de medidas de longo prazo para incentivar o investimento privado:   

"Vale ressaltar o fraco desempenho das exportações brasileiras, pelo ritmo mais lento de crescimento chinês e a letargia de outros parceiros comerciais. Soma-se a estes fatores a ausência de todas as outras medidas de longo prazo para incentivar o investimento privado e algumas  interferências negativas nesse sentido - como a política de preço da gasolina que prejudica não só a Petrobras mas o setor de etanol como um todo". 

Agropecuária foi o setor que mais cresceu

De acordo com os dados do IBGE, a agropecuária foi o setor que mais cresceu no terceiro trimestre em relação ao anterior, com aumento de 2,5%, seguida da indústria, que cresceu 1,1%. O setor de serviços teve variação nula.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2011, as atividades econômicas que merecem destaque, de acordo com o IBGE, são a agropecuária (3,6%) e os serviços (1,4%). Já o setor industrial sofreu queda de 0,9%.

No acumulado nos quatro trimestres terminados em setembro de 2012, houve crescimento de 0,9% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já no acumulado dos três primeiros trimestres de 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,7% ante o mesmo período do ano passado.