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Armínio Fraga reclama da queda dos juros que diminuem ganhos dos Fundos

Economista sempre defendeu queda dos juros de forma mais lenta

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Ao tecer duras críticas à política de redução de juros do governo federal, o ex-presidente do Banco Central (1999 - 2002), Armínio Fraga, pode estar tentando evitar também que o fundo de investimento do qual é principal acionário e fundador, a Gávea Investimentos, perca os investimentos ligados aos Títulos Públicos. A entrevista do economista saiu no jornal Folha de S. Paulo.

Segundo apontaram economistas ao Jornal do Brasil, grande parte do capital dos fundos no país está atrelado a este tipo de investimento, que remunera de acordo com a Selic. Ou seja: com a taxa de juros cada vez mais baixa, o lucro destes investidores está diminuindo. Isto explicaria o choro de Fraga, muito embora ele sempre defendeu a redução dos juros de forma mais vagarosa.

Posição coerente

Para o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ), Gabriel Leal de Barros, especialista em finanças e crédito público, o fato de que os investidores têm maiores dificuldades de se remunerar é "muito positivo" para a economia. "Faz parte do desenvolvimento do país. Ficou mais difícil ganhar dinheiro fácil", analisa.

Apesar disso, "a posição dele é coerente com uma linha econômica que ele mesmo vem seguindo desde que assumiu o BC", ponderou um dos economistas consultados, que não quis se identificar. Fraga afirma que o aumento da inflação é a principal consequência de uma política "arriscada" de queda da Selic.

Embora não acredite ser possível conectar diretamente as opiniões de Fraga com interesses de mercado, o especialista afirma que "senão a maior parte, pelo menos grande parte das críticas dele estão conectadas a esta perda de remuneração do fundo de investimento dele". 

Um outro especialista consultado pelo JB, que também não quis se identificar, concordou. Para ele, é "óbvio" o fato de que a queda nos juros "é muito ruim para Armínio já que tem atrapalhado o lucro dos bancos e dos fundos". 

Assim como Fraga, diversos investidores do mercado têm reclamado de um aumento na intervenção do governo na economia, já que o Banco Central tem atuado ativamente na queda dos juros. Barros reforça, no entanto, que a queda na Selic é "extremamente positiva" para economia. "Faz bem para as contas públicas, que estavam muito vinculadas ao pagamento da dívida".

Selic está em menor nível da história

Na última quarta-feira, 10, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC), anunciou novo corte (décimo consecutivo) de 0,25% na taxa básica de juros da economia, a Selic, que atingiu 7,25%, menor nível já registrado.

O Jornal do Brasil tentou contato com Fraga por telefone, através da Gávea Investimentos, mas não obteve retorno na ligação.