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Mão de obra especializada para pré-sal será uma exigência, diz especialista

Rio Oil&Gás debateu também a sobrevida do petróleo e a necessidade do gás como fontes energéticas

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O sucesso na exploração dos poços do pré-sal brasileiro só acontecerá com "recursos humanos e mão de obra capacitada, que possa suprir as demandas que acontecerão nos próximos anos, por isso, é preciso dar condições para que as pessoas possam ingressar, se aperfeiçoar e se especializar neste mercado", afirmou, nesta quarta-feira (19), Renato Bertani, presidente da World Petroleum Council (WPC) no painel "Desafios para o Suprimento Energético no século 21",, durante a  conferência internacional Rio Oil&Gas, no Riocentro.

Os debates nesta tarde foram bastante ecléticos. Abordaram desde a necessidade da mão de obra qualificada para que países emergentes obtenham sucesso na exploração sustentável de energia para o século XXI às necessidade de utilização do gás como fonte menos danosas ao meio-ambiente, passando pela necessária discussão sobre a viabilidade a longo prazo da exploração do petróleo. 

Bertani elogiou a decisão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), anunciada terça-feira (18), de regulamentar novas licitações para exploração de petróleo, o que não ocorria  desde a descoberta do pré-sal. "É preciso que estas áreas sejam disponibilizadas para que o capital investido possa dar retorno e novos investimentos sejam feitos".

Ele ainda lembrou que a exploração petrolífera gera emprego e oportunidades nos locais onde acontece, desde que seja feita com responsabilidade. "É preciso que ela traga valor para a sociedade, através de uma responsabilidade social que vem com a geração de empregos, pagamento de tributos e proteção das culturas e pessoas onde acontece a exploração", concluiu.

Petróleo: recurso disponível?

A questão principal que Adam Sieminsky, diretor da Energy Information Administration do Governo dos Estados Unidos tentou responder foi se ainda é possível depender do petróleo a longo prazo como fonte de energia. E a resposta, segundo ele, é positiva. "Há dez anos alguns estudos afirmavam que o petróleo atingiria seu ápice e hoje já estaria acabando. Mas esta foi uma conclusão furada. Atualmente, acreditamos que, com as novas descobertas, não estamos utilizando metade do disponível", discursou. 

O especialista acredita que a dificuldade para reduzir as emissões de carbono para a atmosfera é maior nos países emergentes, embora a maior partes destas emissões esteja nos países desenvolvidos industriais. "Há uma demanda de crescimento muito maior nos emergentes, que para crescerem a velocidades necessárias para o seu desenvolvimento demandarão ainda mais energia", analisou. 

Otimista, Sieminsky acredita que o desenvolvimento da tecnologia na exploração, produção e distribuição do petróleo poderá otimizar a produção mundial do óleo e diminuir os danos ambientais. "Não se pode subestimar o poder do avanço tecnológico destes processos. Os desafios são muitos, a cada hora parece que um novo grande problema surge. Mas o futuro é brilhante", finalizou.

Gás é mais sustentável

A utilização do gás como forma de energia foi defendida por Jerome Ferrier, presidente da International Gas Union (IGU). Segundo ele, além de ser mais sustentável e limpo, o gás contribuiria para o desenvolvimento sustentável da América Latina. "É fundamental que haja uma integração regional para a produção, distribuição e venda desta energia. O Brasil atualmente tem um papel muito importante: ele deixou de ser importador para um dos exportadores nos últimos dez anos", apontou.

O especialista ainda destacou a importância na participação das empresas privadas para a utilização desta forma de energia. "É preciso que elas tenham condições boas para participar do processo", afirmou. 

Durante o evento "Consumo Consciente de Energia", paralelo aos painéis principais, o gerente da Supergasbras, Marco Aurélio Martins Moyses, defendeu a utilização do gás de cozinha, o LP, como fonte de energia limpa para a indústria, o agronegócio e serviços. "Nós precisamos sair de uma base energética suja para uma limpa e acredito que o gás LP exerce o papel de transição neste processo", afirmou.

Segundo ele, a importância e eficiência energética do LP ainda é desconhecida, mas em países desenvolvidos já é muito utilizada, principalmente nas indústrias. "A média de utilização do LP é nas residências, mas 27% já estão nas indústrias. No Brasil, esse número é de apenas 9%". Para Moyses, um dos métodos mais eficazes de utilização do gás seria no agronegócio, praticamente invisível no país. "O Brasil é um dos grandes produtores de soja do mundo. Se utilizássemos o gás para fazer a secagem dos grãos, por exemplo, teríamos um produto de melhor qualidade, melhor competitividade, fundamental atualmente", argumentou.

O gerente finalizou afirmando que um dos melhores aspectos do gás LP é sua abundância. "Com o pré-sal então, teremos mais até do que precisamos".