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Especialistas acreditam que medidas do Governo estão no caminho certo

Economistas aprovam política anticíclica do governo e alertam que a crise afetará o Brasil

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O agravamento da crise internacional tem levado o governo a adotar políticas para desonerar o setor produtivo brasileiro. Nesta sexta-feira (29), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou uma nova prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos e móveis, que continuará reduzido. Na véspera, a presidente Dilma já havia divulgado investimentos governamentais nas áreas de saúde e educação. 

Apesar de comemorado por alguns representantes do setor, as medidas tem sido classificadas como insuficientes para controlar os efeitos da crise financeira. Esta não é a opinião de economistas ouvidos pelo Jornal do Brasil na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) onde participaram de um seminário que discutiu a Crise Econômica. Para eles, estas políticas anticíclicas do governo estão no caminho certo. Afirmam, porém, que o país não está imune aos problemas financeiros do mundo.

Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e professor titular aposentado da Unicamp, discorda de quem classifica de tímida a atuação do governo. "Ao contrário, eles estão usando estas medidas de maneira homeopática até para ver o desenrolar da crise. O Brasil ainda tem espaço para se utilizar de políticas anticíclicas, dada a estrutura da sua economia, da sua posição hoje numa situação muito favorável", analisa.

Segundo ele, a economia brasileira se preparou bem para enfrentar abalos econômicos nos últimos dez anos e mostrou uma postura competente assim que a crise chegou ao país em 2009. "Nós fomos competentes com as políticas anticíclicas e na nossa reação à crise. Resistimos bravamente, viemos de um ciclo de investimento e consumo muito elevado, o que foi determinante na nossa reação", explicou. 

As consequências da crise são inevitáveis e impossíveis de serem previstas, afirmou o especialista, principalmente "se o cenário se agravar muito". Mas, para ele, há aspectos que deixam o país em uma posição "muito peculiar" para enfrentá-las. "A economia aqui se tornou de consumo de massas, pobre, mas ainda assim, de massas. É um país continental, dotado de recursos importantes, enriquecido com a descoberta do pré-sal". 

Soluções

"O sistema de bancos públicos pode ser ainda mais bem usado; é preciso avançar na política industrial na política tecnologia e financeira; encontrar outros meios do país se financiar fora dos bancos públicos e do capital externo. Estas são as propostas do economista José Carlos Braga, professor da Unicamp. Ele também destacou o "bom momento" da economia brasileira.

"As condições ainda são favoráveis, o crescimento está balanceado, e parece que temos uma presidente que está disposta a enfrentar as questões mais preocupantes com uma postura firme", discursou.

O presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o sociólogo Mariano Francisco Laplane, lembrou que a maior parte das medidas anunciadas no Brasil são problemas "seculares" do país. "São medidas econômicas que tentam corrigir distorções que estão aí há muito tempo. É irônico, mas ás vezes a crise oferece as condições favoráveis para desbloquear problemas que não são priorizadas, como, por exemplo, a queda na taxa de juros e o controle na taxa de câmbio, que estava completamente desalinhado", opinou.