ASSINE
search button

Mercado não se anima com ajuda aos bancos espanhóis e bolsas fecham em baixa

Aporte financeiro levantou suspeita de falta de liquidez do setor em outros países do continente

Compartilhar

A ajuda de cerca de 100 bilhões de euros aos bancos espanhóis, anunciada no último sábado (9) pela Zona do Euro, animou os mercados no começo do pregão desta segunda-feira (11). No entanto, o rebaixamento da nota de algumas instituições financeiras do país pela agência Fitch, e a falta de informações sobre como o valor será aplicado, acabaram esfriando os mercados, que fecharam em queda, no Brasil, nos EUA e na Europa (com excessão de Frankfurt, que registrou leve alta de 0,17).

O analista André Perfeito, da Gradual Corretora, afirmou ao site Investimentos e Negócios que a ajuda do Eurogrupo ao setor financeiro espanhol pode desencadear uma série de pedidos iguais de outros países, o que causaria uma instabilidade ainda maior na Europa. Por esse motivo, os analistas aguardam maiores informações sobre a medida e os mercados encerram instáveis. 

Mas o ministro das finanças espanhola, Luis de Guindos, afirmou em uma coletiva de imprensa, logo após o anúncio oficial da ajuda, que o aporte financeiro não é um "resgate" aos bancos do país, pois não está condicionado a mudanças macroeconômicas, como aconteceu na Grécia.

Ainda segundo De Guindos, o valor é um empréstimo "em condições favoráveis", que cobre as necessidades de recapitalização dos bancos para ter uma margem de segurança, sendo que 70% dos bancos podem resistir às condições econômicas mais desfavoráveis. 

O comunicado do Eurogrupo que autorizou a transação financeira ressalta os progressos que o país realizou recentemente no campo fiscal e no mercado de trabalho. No entanto, o aporte deixou o mercado temeroso em relação a capacidade dos países de pagar as suas dívidas e necessitarem de apoio semelhante do grupo.

Segundo especialistas, Itália e Portugal apresentam cenários instáveis e podem enfrentar problemas parecidos com a nação espanhola. 

Bancos ainda têm notas acima da Espanha

Apesar da redução em dois escalões das notas dos bancos espanhóis BBVA e Santander pela agência classificadora Fitch, que passaram para o patamar de "BBB+", a Espanha continua com avaliação abaixo das instituições, com a nota "BBB". 

Em comunicado, a agência disse ser "Algo excepcional que alguns bancos tenham uma nota superior à de seu país de origem", e afirmou ainda que "a diversificação geográfica e um sólido resultado financeiro" permite combater os efeitos da recessão, que voltou a atingir o país ibérico. 

A queda também foi acompanhada de uma perspectiva negativa, o que significa que a nota poderá voltar a cair.

"A redução reflete essencialmente as mesmas preocupações que as que afetaram a nota soberana espanhola, especialmente o fato de que a Espanha seguirá em recessão em 2013", afirma a agência.

Bolsas repercutem

Os pregões ao redor do mundo foram pautados pelas notícias de ajuda aos bancos da Espanha. O Ibovespa desvalorizou 0,79% aos 54.001 pontos, com giro financeiro de R$ 5.389 bilhões. Nos EUA, o índice Nasdaq Composite fechou em baixa de 1,70%. O S&P 500 encerrou o pregão em negativo em 1,26%, enquanto o Dow Jones apresentou queda de 1,14%. 

No Velho Continente, apenas o índice DAX 30, da Bolsa de Frankfurt, apresentou alta leve, de 0,17%. Enquanto isso, o CAC 40 de Paris, o Ibex 35 de Madri e o FTSE 100 de Londres fecharam o dia em baixas de 0,29%, 0,54% e 0,05% respectivamente.