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Bovespa fecha em queda com cenário externo conturbado 

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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o pregão desta terça-feira (8) com desvalorização de 1,40%, aos 60.365 pontos, do Ibovespa, seu principal índice. Trata-se do menor patamar da bolsa desde 16 de janeiro, quando fechou aos 59.946 pontos. A reação negativa foi reflexo das declarações do líder do partido grego Syriza, que quer suspender o acordo de pagamento da dívida do país, e da queda dos preços internacionais da commodities. O volume negociado na sessão foi de R$ 7,07 bilhões. O dólar teve alta de 0,93%, cotado a R$ 1,9387.

>> Líder de partido grego quer suspender pagamento da dívida do país

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Segundo Alfredo Sequeira, superintendente da Fator Corretora, o dia foi marcado por uma agenda fraca no cenário nacional e, por isso, o mercado voltou sua atenção ao noticiário internacional. Na Europa, os discursos contra as medidas de austeridade vão ganhando força em Grécia, França, Itália e Alemanha.

“A situação grega é a que mais preocupa os investidores porque o país ainda não atingiu um consenso para o governo de coalizão e pode ficar até julho sem um primeiro-ministro. É normal o mercado ficar tenso”, disse Sequeira.

O superintendente também atentou que na próxima quinta-feira (10) serão divulgados dados sobre a inflação e a atividade econômica na China, o que naturalmente cria expectativa entre os investidores.

Mercado

Na Bovespa, o dia foi marcado por perdas na maioria dos setores, impulsionadas pela queda dos preços internacionais das commodities. Além disso, a divulgação do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) revelou alta de 1,02% em abril, número praticamente duas vezes maior que o de março.

De acordo com Sequeira, a instabilidade na cotação do dólar frente ao real faz o investidor estrangeiro sair da bolsa. Para ele, o momento é de expectativa com os próximos acontecimentos, especialmente os externos. Ainda, atentou que a bolsa tem, nas valorizações do Ibovespa, baixo volume de negócios e, em contrapartida, nas quedas do índice, grandes giros financeiros.

“Chegamos a um ponto importante e é preciso esperar o que vai acontecer. Continua a conversa na Europa e o medo é de um efeito em cascata se a Grécia sair [da Zona do Euro]. O investidor estrangeiro fica receoso com a instabilidade do dólar”, afirmou. “A bolsa tentou trabalhar acima dos 60 mil pontos. Se conseguir manter esse nível amanhã (9), talvez seja um bom patamar para começar a compra.”

Entre os ativos, o destaque negativo ficou para o setor de mineração, representado pela Vale do Rio Doce e pela MMX, do bilionário Eike Batista. As ações ordinárias e preferenciais da Vale recuaram 2,53% e 2,65%, a R$ 39,37 e R$ 40,40, enquanto as ações da MMX caíram 2,79%, a R$ 8,09.

O setor de petróleo também apresentou desvalorização. Os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras tiveram queda de 1,86% e 1,55%, cotados a R$ 21,10 e R$ 20,26, e os ativos da OGX Petróleo caíram 2,22%, a R$ 13,67.

A construção civil fechou o dia com resultados distintos, mas vem mostrando recuperação por conta da expectativa da queda da taxa básica de juros (Selic). Os ativos da Gafisa e Rossi caíram, respectivamente, 3,82% e 3,86%. As ações da PDG Realty e da MRV Engenharia tiveram ganhos de 2,99% e 1,05%. 

Grécia e França 

Na Europa, o temor de que a Grécia possa sair da Zona do Euro voltou a crescer após ser passada ao partido de extrema esquerda Syriza a responsabilidade de formar um governo de coalizão. O líder da sigla, Alexis Tsipras, afirmou nesta terça que quer suspender o acordo de pagamento da dívida do país com a União Europeia e o FMI e pedirá uma investigação para averiguar se o débito grego permanece legal.  

Ainda no cenário grego, o país emitiu títulos do Tesouro por 1,3 bilhão de euros a seis meses, com uma taxa de juros de 4,69%, acima dos 4,55% registrados na última operação similar, segundo a Agência Grega de Gestão da Dívida Pública (PDMA).

Na França, a incerteza invadiu o mercado por conta da reunião, marcada para o dia 16 de maio, do novo presidente do país, François Hollande, com a primeira-ministra alemã Angela Merkel, em Berlim. Hollande quer renegociar o pacto fiscal assinado por 25 países europeis e capitaneado sobretudo pela Alemanha, para acrescentar no documento um capítulo sobre medidas de estímulo de crescimento. Merkel, por sua vez, afirma estar disposta a falar sobre as medidas a favor do crescimento, mas não renegociará o pacto. A chanceler alemã disse que os dois países, motores da economia da Zona do Euro, devem tomar "as decisões necessárias" para solucionar a crise da dívida no bloco.

Como resultado positivo, a produção industrial alemã registrou crescimento, segundo informações do Ministério da Economia do país. O índice subiu 2,8% em março em relação a fevereiro. O dado veio acima do esperado pelo mercado, que projetava alta de 0,8% na comparação mensal.

Nesse contexto, As principais bolsas da Europa encerraram o pregão desta terça-feira em queda. O Athex Composite, índice de ações da Grécia, apresentou novas mínimas e teve queda de 3,62%, aos 620 pontos, menor pontuação desde 1992, enquanto o DAX, da bolsa de Frankfurt, recuou 1,90%, aos 6.444 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 caiu 2,78%, aos 3.124 pontos, e, em Londres, o índice FTSE 100 registrou queda de 1,78%, aos 5.554 pontos. 

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, os principais índices acionário tiveram recuperação das perdas no final do pregão, mas ainda assim encerram no negativo. O indicador Dow Jones acumulou a quinta desvalorização consecutiva. O temor dos investidores é quanto à capacidade da Zona  do Euro de evitar uma crise da dívida, diante dos novos panoramas políticos em Grécia e França.

Diante disso, o Dow Jones, que mede o desempenho dos 30 principais blue chips americanos, teve queda de 0,59%, aos 12.932 pontos. Já o S&P 500, que agrupa as 500 principais empresas dos EUA, fechou o dia com desvalorização de 0,43%, aos 1.364 pontos, e o índice tecnológico Nasdaq Composite teve recuo de 0,39%, aos 2.946 pontos.

Apuração: Luciano Pádua