ASSINE
search button

Nova poupança remove "resquícios" do período de inflação alta, diz BC 

Novas regras já valem a partir desta sexta-feira

Compartilhar

As novas regras da poupança já valem para os depósitos que forem feitos a partir desta sexta-feira (4). O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, elogiou a mudança feita no rendimento da poupança. Segundo Tombini, com as alterações, o Brasil "dá um passo fundamental na direção de remover resquícios herdados do período de inflação alta".

O presidente da autoridade monetária diz confiar que a caderneta de poupança continuará sendo "um patrimônio da nossa sociedade, reconhecidamente um produto financeiro tradicional, de fácil compreensão e amplamente utilizado por todos os brasileiros".

Mais cedo nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que as cadernetas abertas e depósitos feitos em poupança a partir de hoje terão nova remuneração, mas somente quando a taxa básica de juros for igual ou menor que 8,5% ao ano. Atualmente, a Selic está em 9% ao ano.

Com a alteração, a remuneração da poupança será o equivalente a 70% da taxa Selic acrescida da Taxa Referencial, a TR, também usada hoje para calcular o rendimento da caderneta.

Poupadores

Para os clientes de cadernetas já existentes que realizarem depósitos a partir de hoje, os bancos vão criar duas contas-poupança: uma com o depósito feito até ontem (03 de maio) e outra com os ingressos a partir de hoje (04 de maio) - ambas sob o mesmo CPF. 

Por conta da nova regra, automaticamente os novos depósitos serão incluídos na conta nova. No momento de fazer um resgate da poupança, o correntista deverá escolher se deseja realizar o saque da conta mais antiga ou da mais nova. Toda essa operacionalização deverá ser providenciada pelos bancos onde o poupador guarda o dinheiro.


Economista elogia mudanças

A alteração é necessária para permitir que o governo continue reduzindo os juros, já que evita uma migração de investidores para a poupança, explica o economista Pedro Paulo Bastos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

"Se a remuneração fosse mantida e a Selic continuasse caindo, o governo teria dificuldades de se financiar, já que os títulos da dívida do país estão atrelados a taxa básica, pois a poupança se tornaria mais atraente ao investidor", analisa.

A presidente Dilma Roussef já declarou que pretende continuar reduzindo a Selic, até atingir níveis "internacionais" de juros para o Brasil. 

O especialista acredita que a medida está alinhada com a política monetária do governo e era "necessária" para a economia do país. Bastos afirma que a redução constante dos juros contribui para a queda do preço do crédito nacional, muito importante para o crescimento do Brasil.

"É preciso reduzir o custo de crédito geral, é preciso atrair menos capital externo e a política de redução dos juros aplicada no país vêm neste sentido. Além do que, os juros são custos financeiros, que são repassados para o consumidor", afirma.

A política de cortes na Selic, aplicada desde 2011, trouxe temores de uma possível alta na inflação, mas Pedro Paulo acredita que a manipulação dos juros não é a única forma de controlar a alta nos preços. Esta crença, segundo o especialista, vêm de que a inflação é influenciada apenas pela demanda, o que não é verdade.

Os preços do petróleo, a importação de insumos e o valor das commodities são fatores essenciais na medição dos preços. Os juros altos também influenciam a alta na inflação, pois os preços são repassados para o consumidor.             

"É uma boa política reduzir juros e conter (a inflação) com mecanismos de regulação para conter pressões de demanda", conclui. 

Com Portal Terra