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Mudança na remuneração da poupança é "necessária", afirma especialista

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A remuneração da poupança mudou e agora, ao invés da tradicional combinação fixa de 6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), o governo anunciou que os poupadores passam a receber 70% do valor da Selic, atualmente em 9%. Esta regra só funcionará quando a taxa básica estiver abaixo de 8,5% e para os novos depósitos. Além disso, o investimento continua isento do Imposto de Renda (IR). 

A alteração é necessária para permitir que o governo continue reduzindo os juros, já que evita uma migração de investidores para a poupança, explica o economista Pedro Paulo Bastos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

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"Se a remuneração fosse mantida e a Selic continuasse caindo, o governo teria dificuldades de se financiar, já que os títulos da dívida do país estão atrelados a taxa básica, pois a poupança se tornaria mais atraente ao investidor", analisa.

A presidente Dilma Roussef já declarou que pretende continuar reduzindo a Selic, até atingir níveis "internacionais" de juros para o Brasil. 

O especialista acredita que a medida está alinhada com a política monetária do governo e era "necessária" para a economia do país. Bastos afirma que a redução constante dos juros contribui para a queda do preço do crédito nacional, muito importante para o crescimento do Brasil.

"É preciso reduzir o custo de crédito geral, é preciso atrair menos capital externo e a política de redução dos juros aplicada no país vêm neste sentido. Além do que, os juros são custos financeiros, que são repassados para o consumidor", afirma.

A política de cortes na Selic, aplicada desde 2011, trouxe temores de uma possível alta na inflação, mas Pedro Paulo acredita que a manipulação dos juros não é a única forma de controlar a alta nos preços. Esta crença, segundo o especialista, vêm de que a inflação é influenciada apenas pela demanda, o que não é verdade.

Os preços do petróleo, a importação de insumos e o valor das commodities são fatores essenciais na medição dos preços. Os juros altos também influenciam a alta na inflação, pois os preços são repassados para o consumidor.             

"É uma boa política reduzir juros e conter (a inflação) com mecanismos de regulação para conter pressões de demanda", conclui. 

Apuração: Carolina Mazzi