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Juros menores não garantem economia para o consumidor, dizem especialistas

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A redução na taxa de juros anunciada pelo principais bancos privados esta semana animou os clientes que precisam de financiamento ou querem regularizar dívidas. Porém, estes cortes não garantem economia no bolso do consumidor, afirma o economista Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade). 

A mudança do governo, que já havia diminuído os valores da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, acionou a competitividade e levou o Bradesco e o Itaú, por exemplo, a repetir o movimento de redução. 

Mas é preciso ficar atento, pois estas novas taxas ainda estão atreladas a muitas condições de mercado, alerta o economista.

"A redução está muito conectada com setores seguros e competitivos, como o financiamento de veículos, seguros e investimentos altos. E as taxas mínimas ainda são para aqueles consumidores fieis, antigos clientes com pouco endividamento ou com grande movimentação de capital", afirma. 

Um dos exemplos citados por Oliveira é o financiamento de veículos, que terá enorme redução, mas apenas para os clientes que dispuserem de 50% do valor do automóvel em alguns casos. Por isso, a competitividade promovida pelo governo deve ser estimulada pelos clientes bancários. 

Só assim os consumidores poderão usufruir deste corte, ainda muito restrito.

"Acredito que o consumidor tem que ser pró-ativo, promover mesmo a competitividade fazendo uma pesquisa bancária, de qual banco oferece as melhores condições e assim pedir cortes ainda mais profundos. Eu acho que este movimento levará a reduções ainda maiores", acredita.

As pessoas físicas estão limitadas a pesquisa de crédito, principalmente em relação a redução da taxa do cartão de crédito e do cheque especial, que, em muitos casos, precisam ter contas salário vinculadas ao banco. 

Nesta sexta-feira (20), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal voltaram a anunciar novos cortes. Segundo Oliveira, este movimento de diminuições não deverá afetar o lucro dos bancos. 

"Eles podem até perder um pouco de capital com os empréstimos, mas ainda sim, não será nada grande. Porém eles ganharão com o aumento no nível de investimento, na quantidade de dinheiro financiado", prevê. 

Ex-vice-presidente da Caixa e ex-diretor executivo da Febraban (Federação Nacional dos Bancos), o economista Fernando Nogueira da Costa, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também acredita que os bancos continuarão agindo com cautela, e ainda não é possível saber se as ações do governo funcionarão a longo prazo. 

"Isso será um processo longo até se poder avaliar, corretamente, se será bem sucedido. Desconfio que os bancos privados diminuirão as taxas seletivamente, isto é, de acordo com a reciprocidade, o volume de negócios do cliente e as garantias oferecidas, como por exemplo, a 'conta-salário'", analisa. 

O especialista acredita que os bancos privados agirão de acordo com a concorrência com os públicos - que tendem a dar mais acesso popular ao crédito - e do ganho de competitividade e assim, estender as reduções aos demais clientes.

Banco Itaú 

Para pessoas físicas, o Itaú anunciou o lançamento de um pacote voltado a clientes que já recebem seu salário em conta corrente do banco, que também será estendidas aos novos clientes que se transferirem para o Itaú. Os juros podem ter redução de até 47%, como o cheque especial que terá taxa mínima de 1,95% ao mês. No cartão de crédito, o rotativo passa a ser 3,85% ao mês.

Bradesco

Para a pessoa física haverá redução de taxas nas linhas de Financiamento de Veículos, Crédito Pessoal, Crédito Consignado ao Aposentado e Aquisição de Bens. A taxa do Crédito Pessoal cai de 2,66% para a partir de 1,97% ao mês. Na linha de CDC Bens, a taxa foi reduzida de 3,54% para a partir de 2,97% ao mês. No Financiamento de Veículos, a taxa que era de 1,35% passou a ser a partir de 0,97% ao mês.

Já nas operações de Crédito Consignado ao Aposentado do INSS, o Bradesco reduziu a taxa de 1,32% para a partir de 0,90% ao mês. Os cartões de crédito emitidos em parceria com as grandes redes varejistas terão taxas para parcelamento com juros a partir de 2,49% ao mês, com prazo de até 24 meses.

Carolina Mazzi