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Uruguai segue apostando em negociação com Argentina 

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MONTEVIDEU - O governo uruguaio continua apostando na negociação com a Argentina diante da sucessão de travas comerciais impostas por esse país - que já provocaram a queda das exportações e demissões -, mas anunciou uma bateria de medidas para mitigá-las e prevê aumentar o comércio com outros parceiros.

A política do governo presidido por José Mujica é "manter abertos os canais de negociação", enfatizou nesta quinta-feira o ministro de Relações Exteriores, Luis Almagro, assegurando que é a única forma de minimizar os efeitos das restrições comerciais impostas pela Argentina, vizinho e parceiro comercial do Uruguai no Mercosul (formado também por Brasil e Paraguai).

O Uruguai descartou, por enquanto, entrar com uma ação contra a Argentina na Organização Mundial de Comércio (OMC) pelas restrições impostas a seus produtos, como avaliam países como Peru, Chile, México ou Colômbia.

O ministro disse ao jornal Búsqueda que "ao serem agregadas mais medidas protecionistas, as exportações desaceleram ainda mais e, portanto, isso afetará os volumes finais" de comércio exterior.

O efeito das novas travas comerciais aplicadas pela Argentina desde o início de fevereiro ficou em evidência com uma queda de 46,61% nas exportações uruguaias a esse país e na perda de peso desse destino na balança comercial do Uruguai, segundo dados divulgados no início do mês pela entidade privada União de Exportadores (UEU).

Além disso, cerca de mil trabalhadores foram demitidos e outros 200 poderão somar-se a eles nos próximos dias, devido às travas implementadas por Argentina e Brasil, disse à AFP Juan Castillo, líder da central sindical Pit-Cnt.

As indústrias mais afetadas são a metalúrgica, de roupas, gráfica, de papel e de plásticos.

Na quarta-feira à noite, o governo anunciou que implementará um plano de 14 medidas que incluem adiantamento de subsídios, redução da taxa de juros de empréstimos para pequenas e médias empresas para renovação tecnológica, e incorporação a um regime especial de devolução de impostos aos setores mais afetados, entre outras disposições.

O plano "é para ajudar os mais castigados; não vai solucionar o problema, mas vai ajudar a mitigá-lo", explicou o presidente José Mujica.

Para Castillo, "qualquer medida pode ajudar", enquanto que Teresa Aishemberg, da União de Exportadores, destacou que "são bem-vindas todas as iniciativas que contribuam para colaborar com as empresas que estão sendo afetadas pela crise" e pelas medidas argentinas.

A empresária lembrou que em outubro passado o governo já tinha adotado medidas no setor dos cítricos e da madeira. "É bom que o governo siga trabalhando à medida que são analisados os impactos sobre as empresas", disse à AFP.

A UEU está trabalhando com os exportadores para que possam colocar sua produção em outros países. "O tema é que as empresas que estão exportando para a Argentina podem chegar a pagar fretes de destinos mais longínquos com preços onde possam competir com outros fornecedores do mundo", explicou.

Além das medidas anunciadas na quarta-feira, o governo planeja aprofundar a relação comercial com o Brasil, seu principal parceiro comercial, mas também explorar mais o Tratado de Livre Comércio (TLC) que tem com o México.