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Para economista, redução da Selic é positiva, mas taxa permanece muito alta

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu na quarta-feira (7) a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual. Com o corte, a Selic saiu de 10,5% para 9,75% ao ano. Essa redução foi um pouco acima do esperado pelo mercado, que aguardava queda de 0,5%, mas não chegou a surpreender os especialistas.

O professor de economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ) Roberto Simonard acredita que a medida já era esperada. Para Simonard, trata-se de uma medida clássica para obter uma expansão econômica mais expressiva, tendo em vista o resultado fraco do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. Ele também destacou que a Selic é a taxa que orienta todas as outras, como as do cartão de crédito e do cheque especial, e seu maior impacto é estimular o consumo.

“O Brasil teve uma redução (do crescimento econômico) bastante expressiva em relação a 2010. O governo quer ver se consegue ampliar esses índices”, analisou Simonard. “A Selic é a taxa básica de todas as outras, do cartão de crédito e do cheque. Se ela cai, é de se esperar que as outras caiam e estimulem o consumo”.

O economista lembrou que, segundo os últimos dados do IBGE, o consumo representa 60% do PIB do Brasil. Por isso, é importante incentivá-lo, mas acha que a competitividade entre o mercado nacional e internacional se acirrará. 

“Parte desse efetivo de consumo vai ser perdido porque parte do consumo será direcionado para o produto importado”, disse.

Trajetória de queda

Apesar da queda na taxa, o professor acredita que os juros no país continuam muito acima dos praticados pelo mundo. Sua aposta é de que haja uma trajetória de redução maior ao longo do ano.

“Nós acreditamos que a Selic vá cair mais ainda. Eu, pessoalmente, acho que vá chegar a 8,5% ainda neste ano. Talvez no próprio primeiro semestre”, conjecturou. “Eu sou a favor dessa redução, mas comparando com outros países é muito alta. Por isso, ainda vai atrair muito capital financeiro internacional”.

Simonard apontou a nova tendência da enxurrada de dólares no país, com a entrada massiva de capitais no mercado nacional. Esse movimento gera valorização do câmbio brasileiro, reduzindo o preço de produtos importados e acirrando a competitividade – muitas vezes desleal - com a indústria nacional.

Para o professor, a economia brasileira esbarra em problemas de infraestrutura, mão de obra desqualificada e carga tributária excessiva. No entanto, como uma mudançana política fiscal se apresenta muito complexa, as medidas se concentram na política monetária. Simonard entende que a redução da Selic não afetará em quase nada o mercado financeiro e acredita ser muito cedo para falar em aumento de pressões infalcionárias.

“O mercado financeiro no Brasil não será muito afetado pela queda da Selic e também não vejo grandes alterações no dólar”, afirmou. "Sobre a inflação seria prematura qualquer diagnóstico. Vamos observar".

Por fim, o economista analisou como positiva a medida, mas atentou que isolada não tem poder de trazer mais prosperidade à economia brasileira. 

“Acho que manipular a taxa básica de juros tem um efeito razoável na economia, mas sozinha é incapaz de aumentar o crescimento. Pode aumentar o consumo, mas pode aumentar a pressão de inflação – o que não acredito que vá acontecer”, finalizou. 

Apuração: Luciano Pádua