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Dólar fecha em queda, apesar de governo agir para conter desvalorização

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O dólar comercial registrou nova queda perante o real nesta quinta-feira (1), apesar de o governo atuar para conter a desvalorização da moeda americana. O dólar comercial fechou em baixa de 0,47% cotado a R$ 1,712 na venda. 

Uma medida anunciada hoje pelo Ministério da Fazenda expande de dois para até três anos o prazo de incidência de alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), no valor de 6%, para empréstimos de empresas no exterior. Com isso, o governo pretende diminuir o fluxo de dólares que entram no país. 

"Não existem indícios de que estas entradas estejam ligadas à cadeia produtiva. É capital especulativo, que fica restrito ao mercado financeiro", afirma o economista Pedro Rossi, pesquisador do Centro de Conjuntura Econômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

Uma das principais razões para as empresas captarem dólares no exterior é o alto valor da taxa de juros no Brasil, explica Rossi:

"Lá, as taxas são muito baixas. Com isso, eles trazem esses dólares e emprestam aqui com as taxas nacionais de 10%", analisa.

Com a medida do governo, que aporta mais 6% nos valores, a tendência é de que este fluxo de empréstimo diminua. 

"A medida sozinha não resolve o problema, mas aponta para um caminho que pode amenizar as consequências da taxa de câmbio elevada, que são muitas", afirma. 

Uma das consequências do real valorizado é a perda da competitividade dos produtos nacionais, contribuindo para a desindustrialização do país. 

"Com o importado custando menos, o produto brasileiro pode ser menosprezado no mercado nacional e internacional, desestimulando as indústrias brasileiras", alerta Rossi.

Calçados

O indústria calçadista, por exemplo, já está sofrendo com a valorização do real. O setor encerrou os doze meses do ano com 11.200 vagas a menos em relação ao mesmo período de 2010. Este desempenho significou uma queda de 2,8%, com o setor empregando 337.503 trabalhadores. 

Para a Associação Brasileira da Indústria de Caçados (ABICalçados), a taxa de câmbio é um dos principais fatores que tem levado empresas nacionais a procurarem outros países para produzir.

"Os produtos asiáticos entram no país muito mais baratos, e acabam eliminando a competitividade dos calçados nacionais. Várias empresas foram para a Nicarágua, por exemplo, que oferece custos mais baixos", afirma Elisabeth Rentz, assessora da ABICalçados.

"As consequências da desindustrialização são devastadoras, pois este é o setor que mais emprega na economia. Ou seja, com esta área fraca, o crescimento econômico do país será afetado como um todo", analisa.

Em 2011, a Azaléia e a Dakota, grandes nomes do setor, fecharam as portas de fábricas no Rio Grande do Sul. A americana Crocs também fechou sua fábrica brasileira, situada em Sorocaba, no interior de São Paulo.