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BC corta Selic pela 4ª vez seguida; taxa vai para 10,50% ao ano 

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Em seu primeiro encontro do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual, para 10,50% ao ano. Trata-se do quarto corte seguido dessa magnitude, em um movimento iniciado em agosto passado, e amplamente esperado pelo mercado.

"Ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012", disse o Copom ao anunciar a decisão, repetindo o comunicado de sua última reunião.

Desde agosto passado o Copom vem reduzindo a Selic em 0,50 ponto percentual, somando agora um queda de 2 pontos percentuais, para não deixar a economia esfriar.

A argumentação básica tem sido de que o cenário internacional, sobretudo por conta das turbulências na Europa, é desinflacionário para o Brasil. Isso porque, com as grandes economias na região ainda patinando, a demanda mundial acaba perdendo força, com consequências para o Brasil.

Pesquisa da Reuters mostrou que todos os 31 analistas consultados previam um corte de 0,50 ponto da Selic agora. No entanto, não havia consenso sobre os próximos passos.

Para o fim de 2012, a maioria estimou que a Selic ficaria em 9,50%, com mais quedas de 0,50 ponto percentual cada nas reuniões seguinte do Copom, em março e abril. Mas as previsões variaram de 9% a 11% no final do ano.

A repetição do comunicado pelo Copom nesta quarta-feira, segundo especialistas, deixa as portas abertas para os próximos passos de política monetária. As previsões são de que, no encontro de março, outro corte de 0,50 ponto percentual na Selic deve ocorrer.

"Ele (BC) não quer se amarrar com a possibilidade de encerrar esse ciclo de afrouxamento monetário antes", afirmou a economista e sócia da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro, para quem, em abril, a Selic atinge 9,50% e fica em 9,50% até o final do ano.

"E por quê? Tem duas questões: primeiro o cenário internacional, que ainda continua volátil e incerto, e o segundo ponto que é crucial para ele é o ritmo de recuperação da atividade econômica", acrescentou.

Impactos

A redução da taxa Selic ajuda a estimular a atividade econômica, à medida que barateia o crédito e estimula o consumo. Os juros mais baixos também melhoram as contas do governo ao reduzirem os custos da dívida pública. A taxa menor afeta ainda o câmbio e estimula as exportações ao conter a entrada de dólares e diminuir a queda do valor da moeda americana.

Variação da taxa

No começo de 2011, o colegiado de diretores do BC tinha retomado o processo de aperto monetário como forma de combater o aumento da inflação. O Copom elevou a Selic por cinco reuniões seguidas até atingir o pico de 12,5% ao ano, em 20 de julho. No período, o aumento acumulado foi 1,75 ponto percentual.

A partir do segundo semestre do ano passado, no entanto, o Comitê entendeu que era hora de afrouxar a política monetária, uma vez que a deterioração da economia externa - notadamente na Europa e nos Estados Unidos - contribuía para a redução de pressões inflacionárias no mercado interno. Mesmo contra críticos do mercado financeiro, e até de dentro do próprio BC, o Copom aprovou, por 5 a 2, a primeira redução no fim de agosto.

Confira a íntegra da decisão:

Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 10,50% a.a., sem viés.

O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012.