Nos últimos oito anos, o Espírito Santo aparece como um dos estados que mais se desenvolvem no país. Uma das áreas que recebe grandes investimentos é a de petróleo e gás, o que faz o estado sediar, de 24 a 26 deste mês, a feira e conferência Vitória Oil & Gas 2011.
O evento conta com um congresso, exposição, rodada de negócios, o espaço profissional do futuro e a mesa redonda sobre empregabilidade no setor.
Entre os temas em debate estão Produção de Petróleo e Gás no Espírito Santo, Demandas de Bens e Serviços Offshore, Competitividade da Indústria Nacional de Bens e Serviços, Perspectivas Exploratórias no Brasil, Desafios Tecnológicos e Gestão Ambiental da Indústria do Petróleo.
A exposição ocupa uma área de 1.200m² com a presença de 50 empresas expositoras, entre elas: Petrobras, Shell, BP, TSA Engenharia, Codesa e Technip. Também estarão presentes com estandes, entidades como a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o Governo do Estado, o Sebrae e a Rede Petro – ES.
Um dos municípios beneficiados com o crescimento do setor de petróleo e gás no Espírito Santo é Presidente Kennedy, que estará junto com as principais empresas do setor na exposição da Vitória Oil & Gas. A cidade despontou na arrecadação com uma receita de R$ 110,4 milhões em 2010, valor que representa 78,4% da receita corrente do município nesse mesmo ano. Além do município capixaba, o evento registrou novas aquisições: Fervit, Inflagases e Vigserv, que confirmaram participação como expositores.
Rodada de Negócios
Além das palestras e das exposições com grandes representantes do setor de petróleo e gás no Espírito Santo, a Vitória Oil & Gas também terá nos três dias de evento a Rodada de Negócios, entre empresas âncoras do setor com micro e pequenos empresários fornecedores de produtos e serviços. As reuniões – organizadas pelo convênio Petrobras/Sebrae, Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e Rede Petro ES – serão realizadas em paralelo ao evento, das 14h às 19h.
Além da Petrobras, as empresas âncoras confirmadas para participar do evento são: Shell, Saipem, Technip, Transocean, UTC, El Paso, entre outras. O encontro deverá promover cerca de 650 reuniões de negócios entre os empresários. Na última edição da Vitória Oil & Gas, em 2007, foram realizadas 400 reuniões em dois dias de evento, e renderam um volume de negócios na ordem de R$ 45 milhões.
A ONIP já concluiu a inscrição das empresas capixabas ligadas à cadeia de petróleo, gás e energia na rodada. Como requisito, as empresas apresentaram condições de ofertar bens e serviços para as grandes indústrias da cadeia.
Palestras
Entre os participantes confirmados para o evento está o Gerente de Contratações de Bens e Serviços da Petrobras, Cristiano Levone de Oliveira. Ele será um dos palestrantes no painel “Demanda de Bens e Serviços Offshore no Espírito Santo e no País”, no dia 25 de outubro. O objetivo da apresentação – que terá outros quatro convidados – é estimular o debate entre os operadores marítimos no litoral do Espírito Santo (Petrobras e Shell) e dos afretadores (SBM, Saipem e BW/Prosafe) sobre os processos de suprimento de bens e serviços, que podem ser atendidos pelo mercado local e, também, nacional.
Junto com grandes nomes do setor de petróleo e gás, estará o gerente de Desenvolvimento Sustentável da Shell, João Mariano. A empresa deve colaborar para o aumento dos royalties no Estado nos próximos anos. O especialista também participará do painel sobre demandas de bens e serviços offshore no Espírito Santo e no Brasil, no dia 25, acompanhado de representantes da BW, SAIPEM, Petrobras e SBM.
Evolução
Com o tema “Desafios Tecnológicos da Indústria do Petróleo”, o gerente executivo do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga, irá mostrar na Vitória Oil & Gas a estratégia tecnológica da companhia. A ação contribui para importantes resultados conquistados pela empresa, como o domínio de tecnologias de refino e a liderança tecnológica na exploração e produção de petróleo e gás em águas profundas.
Além disso, Fraga mostrará a evolução dos investimentos da companhia em Pesquisa e Desenvolvimento. Entre 2008 e 2010, esses números atingiram um total de US$ 2,6 bilhões, destacando a Petrobras entre as empresas de energia que mais investem em desenvolvimento tecnológico no mundo.
Expansão
Em função do crescimento da indústria capixaba de petróleo, o gerente geral da Petrobras/UNES, Luiz Robério Silva Ramos, fará uma palestra sobre o Espírito Santo como segundo produtor de petróleo e gás no Brasil. Considerando somente os planos da Petrobras para o Estado, os royalties continuarão em ritmo crescente nos próximos anos.
A região também será beneficiada pelas atividades de outras empresas operadoras no Espírito Santo, como a Shell. O assunto é bem propício para o momento, já que as descobertas de reservas no mar e a antecipação da produção em alguns campos resultaram num crescimento superior a 1000% no repasse deroyalties para o Estado e os municípios. Os dados são da revista Finanças dos Municípios Capixabas, que também divulgou o repasse de royalties e participações especiais, de 2001 a 2010, com um crescimento de 1.178,6%, passando de R$ 70,1 milhões para R$ 896,3 milhões ao ano.
Capacitação
Com uma expectativa de criação de mais de 900 vagas no Espírito Santo, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) também será tema de palestra na Vitória Oil & Gas 2011, no segundo dia do evento. O programa, com iniciativa do Governo Federal, capacita milhares de profissionais em todo o país por meio de cursos gratuitos, de nível básico, médio, técnico e superior, em 185 categorias profissionais ligadas às atividades do setor de petróleo e gás, que passam por um processo seletivo público para preenchimento de vagas.
Ao longo de quatro ciclos de seleção pública, realizados a partir de 2006, os cursos do Prominp qualificaram 78 mil profissionais. A meta é, até 2014, investir mais R$ 557 milhões na qualificação de um novo contingente de 212 mil pessoas em categorias profissionais diferenciadas, todas voltadas para o setor de petróleo e gás. Deste total, cerca de 28 mil novos alunos foram selecionados em provas realizadas em 13 estados, em novembro do ano passado.
Em 2007, durante palestra na última edição da Vitória Oil & Gas, o coordenador executivo do Prominp, José Renato Ferreira de Almeida, destacou a importante atuação do Estado no programa, desde o início de 2003, comparado a outros estados. Ferreira mencionou na época que a Petrobras investiu em 2003, US$ 29 bilhões, em projetos do programa. Esse valor subiu para US$49 bilhões entre 2006 e 2010 e uma expectativa de investimentos de US$76 bilhões para os próximos quatro anos.
Os alunos desempregados recebem bolsa-auxílio mensal que varia entre R$ 300 e R$ 900, de acordo com o nível do curso. Cerca de 80 instituições de ensino em 17 estados do Brasil estão envolvidas neste projeto, com recursos da ordem de R$ 228 milhões investidos pela Petrobras, mediante aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O objetivo é disponibilizar recursos humanos qualificados para eventuais vagas em empresas privadas no mercado de trabalho nacional, nas categorias profissionais e quantidades requeridas de níveis básico, médio, técnico de nível médio e superior para a implementação dos empreendimentos do setor de petróleo e gás no Brasil.
Mesa Redonda
Por sugestão do Secretário de Estado de Desenvolvimento, Márcio Félix, será realizada nos três dias de evento uma mesa redonda sobre empregabilidade. “Hoje, o Estado é o segundo maior produtor de petróleo e gás do país, com produção maior do que a do Norte e Nordeste juntos. Com isso, surgem as oportunidades. A ideia é orientar as instituições para que preparem os estudantes para competir e atender ao mercado. Queremos aproximar o conhecimento acadêmico com a crescente demanda que temos”, informou Félix.
Ele acrescenta que, no encontro, “a meta é provocar a discussão entre empregadores e faculdade de como adequar o conteúdo acadêmico, fazendo com que os novos profissionais cheguem prontos para ocupar as vagas oferecidas”. As mesas redondas acontecem todos os dias do evento, das 10h às 12h, e será mediada pelo coordenador geral do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural – Prominp / IFES, Professor Alexandre Gadioli.
Ainda entre os participantes da mesa, destaque para membros das empresas Shell, BP, Queiroz Galvão, Radix, União Engenharia e instituições como IFES, UFES e escolas técnicas privadas e públicas da Grande Vitória. Podem participar da mesa, empresários prestadores de serviço em geral, professores e coordenadores de cursos relacionados.
Outro destaque na Mesa Redonda é a presença do professor da USP, José Pastore. Doutor Honoris Causaem Ciência, o professor fará sua palestra no primeiro dia do evento, das 10h às 12h, sobre “Empregabilidade na Indústria do Petróleo”.
Dentre os temas que serão abordados estão as novas tendências da atividade produtiva com o aumento dos requisitos de qualificação para a mão de obra; novas exigências de qualificação das empresas; e desafios para a quebra de paradigmas da empregabilidade neste cenário de mudança de mercado.
Profissional do Futuro
Depois do sucesso constatado nas edições realizadas em outras cidades do país, será a vez dos universitários capixabas participarem do programa “Profissional do Futuro”. Os alunos das áreas de mecânica, petróleo e metalurgia – a partir do 6º período – terão um espaço exclusivo dentro da feira e poderão assistir a duas palestras, em cada dia do evento, ministradas por executivos do setor.
“A ideia é orientar os estudantes para competir e atender ao mercado. Queremos aproximar o conhecimento acadêmico com a crescente demanda que temos”, explicou o Secretário de Estado de Desenvolvimento, Márcio Félix, que irá ministrar para os estudantes uma palestra sobre os principais projetos de petróleo e gás no Espírito Santo. Só no Estado, a indústria do petróleo contrata cerca de R$ 4 bilhões por ano, segundo um levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves, divulgado em abril deste ano.
Temas como demandas profissionais para a cadeia produtiva de petróleo e gás e principais projetos do setor para o Espírito Santo terão destaque para estimular discussões entre cerca de 600 jovens participantes, que também poderão visitar os estandes das empresas presentes na exposição.
As universidades são convidadas a participar com seus alunos em um espaço próprio, com capacidade para 200 estudantes por dia. Os alunos são escolhidos pela própria faculdade e inscritos no programa.
Experiência em alto mar
Os universitários que participarão do Programa Profissional do Futuro terão a oportunidade de conhecer a carreira na indústria do petróleo, suas perspectivas econômicas e oportunidades. O assunto será abordado pelotécnico em Automação Industrial - pelo antigo Cefetes, atual Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – Rodrigo Rossoni.
O capixaba já realiza palestras e mini-cursos em parceria com a empresa Fluid Controls do Brasil desde 2007, contribuindo para a qualificação de cerca de quatro mil pessoas. “Acredito que o público do seminário esteja interessado numa visão geral sobre o setor e na troca de experiências que levo para as palestras, que além de informar e orientar, também acabam divertindo e despertando a curiosidade para esse trabalho ainda incomum em nosso Estado”, antecipa Rossoni, que também é estudante de economia na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e trabalha na Petrobras – em regime offshore (embarcado) – há cinco anos.
Segundo Rossoni, o trabalho em alto mar para extração de petróleo e gás é considerado novo no Brasil, em comparação com outras atividades. “Seja na universidade, em eventos familiares ou em reuniões com amigos, as pessoas sempre querem saber como é nosso cotidiano em alto mar. Seja pela perspectiva de ganhos e longas folgas, ou pela sua peculiaridade, isso sempre gera a curiosidade e o interesse das pessoas. Foi justamente essa curiosidade que me levou a criar um blog sobre o assunto. Mas, contar tudo isso pessoalmente é muito mais divertido e espero poder fazer isso no evento”, diz.
Cadastro nacional
Durante a terceira edição as empresas fornecedoras do segmento terão um atendimento especial. Elas poderão ser registradas tanto na Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), como no Cadastro de Fornecedores para o Segmento Brasileiro de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural (CadFor). Além disso, também terá uma apresentação das Plataformas Tecnológicas (Platec) e do catálogo Navipeças.
Em ambas as instituições, o registro tem como objetivo fornecer informações sobre as empresas instaladas no Brasil, que estão qualificadas para o fornecimento de bens e serviços ao setor de petróleo e gás. Os interessados nestes dados são, principalmente, as indústrias deste segmento e operadoras atuantes no Brasil, os fornecedores estrangeiros em busca de parceiros e os grandes fornecedores nacionais, em busca de novos subfornecedores.
Atualmente, o Cadastro da ONIP-ES possui cerca de 227 empresas registradas e atualizadas. Desta forma, o Estado é o 3º colocado no ranking nacional com mais empresas, atrás somente do Rio de Janeiro e de São Paulo. A ONIP não cobra para incluir e manter a empresa nos seus cadastros, sendo necessária somente a sua atualização a cada dois anos.
Com o CadFor, os fornecedores nacionais disponibilizam suas informações – linha de produtos (bens e serviços), resultado da avaliação da situação econômico-financeira e técnica, por exemplo – em uma base de dados única para todas as empresas patrocinadoras, como a Shell, BG Brasil e Chevron.