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Financial Times diz que conselhos do Brasil para a crise soam hipócritas

Jornal entende que postura brasileira diante da crise é irreal e tola

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O jornal Financial Times afirma nesta terça-feira que os conselhos do Brasil para a crise econômica soam hipócritas e irreais. Segundo um artigo publicado pelo jornal, os avisos da presidente Dilma Rousseff sobre o perigo de a União Europeia adotar impostos restritivos neste momento são contraditórios. O jornal cita o fato de o país estar na 152ª posição do ranking do Banco Mundial por ter carga  pesada de impostos.

O conselho de Dilma teria sido feito nesta última segunda-feira em sua primeira visita à Europa como presidente do Brasil. "No nosso caso, políticas fiscais restritivas extremas apenas aprofundaram o processo de estagnação e de perdas de oportunidades", teria dito a presidente em referência à crise da América Latina nos anos 80. "É difícil sair da crise sem aumentar o consumo e o crescimento".

O jornal afirma que os políticos brasileiros recentemente aceitaram o conselho para resolver a crise no país e agora o distribuem aos países desenvolvidos. Segundo o veículo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é um dos pioneiros nesta relação e sugeriu, no mês passado, um pacote "excêntrico" dos Brics para socorrer a zona do euro.

O FT ressalta que Mantega falhou ao consultar os países do Brics, como a China que possui a maior parte das reservas estrangeiras do bloco. Segundo o jornal, até mesmo os outros países ficaram surpresos pela sugestão de o Brasil socorrer países como a Itália, que possuí riquezas em serviços e produtos per capita três vezes mais do que o próprio país.

O jornal afirma ainda que Dilma, recentemente, falou sobre a necessidade de combater o protecionismo após aumentar, em 30 pontos percentuais, o imposto para carros produzidos no exterior . Além disso, o FT diz que o Banco Central vem intervindo comprando dólares - a razão pela qual o país tem reservas externas "impressionantes".

O FT afirma ainda que, apesar das críticas, o Brasil é uma nova voz global que tem excelente estabilidade econômica, um dos mais sólidos sistemas bancários do mundo, uma capacidade enorme para criar políticas de estímulos anticíclicas e uma robusta reserva externa. "Não há dúvidas de que o Brasil agora sente que tem o direito de distribuir tantos conselhos - apesar de tolos", finaliza o jornal.