ASSINE
search button

Mantega: crescimento econômico sustentável será mantido com investimentos

Compartilhar

O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresenta, em visita aos Estados Unidos, o atual cenário da economia brasileira. Os dados estão no relatório “Economia Brasileira em Perspectiva”, atualizados até o dia 5 de setembro. A publicação mostra os resultados das medidas que o governo brasileiro tem adotado para minimizar os efeitos de eventual agravamento da crise mundial e manter o país em sua trajetória de crescimento. Mantega participa, durante essa semana, do Encontro Anual do Fundo Monetário Internacional em Washington.

Segundo o boletim, o país possui forte mercado doméstico, composto por uma classe média crescente; mercado de crédito sólido, com taxas sustentáveis de crescimento; e baixa exposição de empresas e setor público à volatilidade da taxa de câmbio. Esse cenário permite melhor condução da política econômica.

O governo tem ressaltado que a crise será combatida por meio de investimento e disciplina fiscal, com contenção dos gastos de custeio para aumento dos investimentos públicos. Além disso, recentemente foram adotadas medidas de estímulo à produção, investimento e inovação. Nesse sentido, cita-se o Plano Brasil Maior, a ampliação da faixa do Simples Nacional e a nova política de microcrédito.

Crescimento e investimentos

Neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% no primeiro trimestre e 0,8% no segundo. A demanda doméstica continua o principal condutor da expansão econômica.

Os investimentos desempenham papel importante na manutenção do crescimento econômico em níveis sustentáveis. A estimativa é de que nesse ano a Formação Bruta do Capital Fixo alcance 19,5% do PIB, puxado pelas oportunidades presentes na economia brasileira e pelas medidas de incentivo ao investimento de longo prazo.

Importantes para o desenvolvimento econômico, os investimentos anuais em infraestrutura passaram de R$ 59,9 bilhões em 2003 para R$ 146,5 bilhões em 2010. Para 2011, estimam-se investimentos na área na ordem de R$ 160 bilhões.

O investimento público também contribui significativamente para o crescimento da oferta no país. No acumulado de 12 meses até junho, a taxa de investimento do Governo Federal atingiu 3,03% do PIB.

Investimento estrangeiro direto

O perfil dos investimentos estrangeiros no Brasil passa por uma mudança positiva em virtude das medidas tomadas pelo Governo. Enquanto os investimentos em carteira diminuíram, atingindo 2,4% do PIB, em julho, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) cresceu 3,2%.

O IED para o Brasil tem sido diversificado e objetiva aumentar a capacidade produtiva do país. Os Países Baixos, com 26%, e a Espanha, com 20%, destacaram-se na alocação de IED no Brasil. Em âmbito setorial, o segmento de telecomunicações sobressaiu.

As medidas macroprudenciais foram relevantes para disciplinar a entrada de capital estrangeiro e conter a transferência do excesso de liquidez internacional para a economia local. O aumento da abrangência do IOF tem atingido seu objetivo sem prejudicar o investimento de longo prazo.

Política fiscal

Para adequar as condições do país a um possível agravamento da crise da economia global, o governo aumentou a meta de superávit primário para 2011 e vem promovendo redução nas despesas de custeio. Dessa forma, a política fiscal ganhou uma nova dimensão ao que o ministro denominou o mix da política econômica, com mais política fiscal (custeio) e menos monetária (juros).

Após o anúncio do corte de R$ 50 bilhões, o Governo vem reduzindo os gastos de custeio. Até julho de 2011, houve redução real de 7,1% do total de custeio direto e indireto, via transferências.

Quanto ao perfil dos gastos públicos, houve melhoria. Apesar das despesas primárias aumentarem de 15,7% para 17,8%, entre 2002 e 2011, os recursos adicionais de 1,9 p.p foram alocados em transferências de renda às famílias, contribuindo para a redução da desigualdade.

No que se refere à dívida pública, a tendência é de decréscimo. Em relação ao PIB, a Dívida Bruta do Governo Geral caiu de 63,4%, em setembro de 2009, para 56,2%, em julho de 2011. Já a Dívida Líquida do Setor Público reduziu de 43,3% para 39,4% no mesmo período.

Emprego

No acumulado de janeiro a julho de 2011, foram gerados 1,4 milhão de postos de trabalho. Esse valor ficou abaixo do registrado em 2010 (1,6 milhão), mas foi superior à média 2004-2011 (1,2 milhão).

De janeiro de 2003 a julho de 2011, 12,3 milhões de empregos foram criados. Considerando o funcionalismo público, o montante alcança mais de 15 milhões de postos de trabalho.

A taxa de formalização atingiu 53% em julho de 2011, o mais alto nível registrado pela nova metodologia da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Este desempenho foi influenciado pelo aumento na produtividade, melhores níveis de educação formal, simplificação da estrutura tributária e fiscalização por órgãos governamentais.

A taxa de desemprego brasileira apresentou queda de 6,2% em junho para 6,0% em julho de 2011. Esta é a menor taxa para o mês de julho desde 2002.

Inflação

Os preços ao consumidor no Brasil, medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cresceram 0,37% em agosto de 2011, 0,21 p.p. acima da inflação registrada em julho (0,16%).

A taxa de inflação em 12 meses aumentou para 7,23%, acima dos 6,87% verificados em julho. De janeiro a agosto de 2011, o índice acumulado atingiu 4,42%, em contraste com os 3,14% registrados no mesmo período de 2010.

Uma desaceleração nos índices é esperada para os próximos meses. Segundo projeções do Banco Central do Brasil do Relatório de Inflação de Junho/11, a inflação anual ao consumidor deve terminar 2011 em 5,8%, percentual acima do centro da meta (4,5%), mas abaixo do limite superior de 6,5%.

Juros e Crédito

Em julho de 2011, a média diária de concessões de crédito às pessoas jurídicas alcançou R$ 5 bilhões, uma queda em relação aos R$ 5,4 bilhões registrados no mês anterior. No mesmo período, o volume total de credito foi de R$ 1,85 trilhão e representou 47,3% do PIB.

Com relação à pessoa física, de janeiro a julho de 2011, a carteira de crédito cresceu 10,6%. Em julho de 2011, a média diária de novas concessões de crédito pessoal alcançou R$ 720,8 milhões, contra R$ 749,7 milhões registrados no mês anterior.