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Mesmo com acordo, títulos da dívida dos EUA podem perder nota máxima

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Os investidores impulsionavam as ações e vendiam ativos mais seguros nesta segunda-feira, apostando que o acordo de último minuto em Washington significará que a economia dos Estados Unidos evitará um calote de dívida.

Existe a possibilidade, porém, de que agências de classificação de risco rebaixem os Treasuries (títulos da dívida americana), tirando-os da nota "AAA", medida que pode ter impacto sobre os valores de uma série de outros ativos.

Os mercados também digeriam dados que indicaram um crescimento estagnante na economia global, com a atividade industrial chinesa desaceleramento e a produção manufatureira reduzida na zona do euro.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na noite do domingo que republicanos e democratas do Senado e da Câmara dos Representantes (deputados) chegaram a um acordo para elevar o teto da dívida do país e evitar uma moratória parcial, que poderia ocorrer a partir da terça-feira. O consenso permitirá que Tesouro empreste mais dinheiro para manter os compromissos, em troca de cortes de gastos governamentais de US$ 1 trilhão, valor que deve chegar a US$ 2,4 trilhões em dez anos.

O acordo, no entanto, ainda deve ser votado pelos parlamentares, mas isso deve ocorrer apenas na segunda-feira. Enquanto isso, os legisladores revisarão o novo plano. O acordo foi negociado a portas fechadas entre a Casa Branca e o líder da minoria republicana, Mitch McConnell. Tanto o presidente Obama como o vice-presidente Joe Biden tiveram um papel ativo nas conversas.

No Congresso americano, líderes do Senado - com maioria democrata - e a Casa dos Representantes - liderada pelos republicanos - informaram que apresentarão para suas bases o rascunho do plano na segunda-feira, antes da votação final para aprovar o acordo.

Obama não entrou em detalhes sobre os números do plano, mas ele assegurou que os cortes de gastos colocarão as despesas domésticas no "nível mais baixo anual desde que Dwight Eisenhower era presidente" (1953-1961), mas "a um nível que nos permitirá fazer investimentos necessários para criar emprego, em setores como o educativo ou o de pesquisa". Nos próximos meses, o presidente vai continuar comunicando aos legisladores seus argumentos em defesa de um "plano equilibrado", que acabe acrescentando retoques ao acordo atual para "finalizar o trabalho".

Entenda

No último dia 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões). Na ocasião, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente, mas só pode continuar dessa forma até a meia-noite de terça-feira.

Segundo levantamentos do governo, o país não teria mais dinheiro disponível para honrar seus compromissos no próximo dia 2 de agosto. Líderes empresariais e financeiros advertiram que o não cumprimento dos pagamentos se traduziria em consequências catastróficas para a frágil economia americana, que ainda luta com um persistente desemprego de 9,2% na esteira da crise global de 2008.