WASHINGTON - O ministro da Fazenda, Guido Mantega focará seu discurso ao Comitê Internacional e Monetário, neste sábado, na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington na grande entrada de capital nos mercados emergentes. Segundo o ministro, a recuperação continua frágil, e isso pode ser visto no desenvolvimento de "novas tensões e vulnerabilidades".
Ele dirá que a entrada não controlada de capital nos países emergentes, a falta de alinhamento entre as moedas e a inflação no preço das commodities e ativos podem sinalizar novos ciclos de "boom" seguidos por crise.
Mantega dirá ao Comitê que os maiores riscos à economia mundial se encontram atualmente nas incertezas e nos problemas não solucionados na Europa, particularmente no que diz respeito aos que afetam a periferia da zona do euro.
No pronunciamento, Mantega criticará as políticas adotadas pelas economias avançadas que "tentam sair de situações econômicas difíceis se valendo da exportação". O ministro dirá ao Comitê que a liquidez excessiva contribui com uma rápida expansão do crédito e com o aumento do preço dos ativos, bem como com bolhas nos preços do petróleo e das commodities.
O ministro também afirmará que a volta da inflação, causada pela alta demanda por commodities nos mercados emergentes e países em desenvolvimento, assim como os problemas relacionados à oferta de alguns produtos importantes, como o petróleo, é um risco relevante no médio prazo.
"As influências da demanda e da oferta são exacerbadas por uma liquidez abundante, desvalorização do dólar e falta de regulamentos para os mercados de derivativos e futuros", dirá o ministro.
Mantega vai ressaltar que, devido à entrada de capital, países estão sofrendo inflação das commodities e apreciação exagerada das suas moedas. O ministro explicará que, diante deste desafios, os emergentes têm de se valer de medidas para controlar o capital e outras políticas para conter fluxos excessivos. "Estas medidas de auto-defesa são uma resposta legítima aos efeitos das políticas monetárias adotadas pelos países emissores de moeda para reserva", afirmará o ministro.
Além disso, o Comitê ouvirá de Mantega que as limitações políticas internas têm sido facilmente alegadas pelos países que estão emitindo moeda de reserva como um motivo para a adoção de políticas monetárias ultra-expansionárias, mas que isso não muda o fato de que estas políticas dificultam a vida de outros países.
O ministro dirá que países como o Brasil e a Colômbia, que têm regimes de câmbio flutuante, estão sofrendo o efeito adverso da valorização excessiva de suas moedas no que diz respeito a competitividade e saldos de conta corrente. "Estes países já estão aguentando mais do que o que seria justo no chamado reequilíbrio global", dirá Mantega.