Agência EFE
PARIS - A empresa européia de aeronáutica e defesa Eads teve uma perda líquida de ¬ 10 milhões no primeiro trimestre, contra um lucro de ¬ 522 milhões no mesmo período no ano anterior, ao pesar em seus resultados as provisões relacionadas com o plano de ajuste 'Power 8' da sua filial Airbus.
Devido essencialmente à provisão de ¬ 688 milhões vinculada ao plano 'Power 8', o Ebit (lucros antes de impostos) do Eads no primeiro trimestre totalizou ¬ 89 milhões, contra os ¬ 791 milhões nos três primeiros meses de 2005.
Também pesaram os custos de projeto do avião gigante A380 da Airbus e a redução de elementos positivos não recorrentes registrados em 2006, disse o grupo em comunicado.
Para enfrentar a crise causada pelos novos atrasos na produção do A380, anunciados no ano passado, a empresa elaborou o plano 'Power 8', que prevê cortes de 10 mil empregos na Europa e é criticado pelos sindicatos.
O volume de negócios da Eads no primeiro trimestre foi de ¬ 8,984 bilhões, queda de 1% em relação a há um ano.
Do faturamento total, ¬ 1,533 bilhão correspondem às atividades de defesa do grupo, uma redução de 24% em relação ao primeiro trimestre de 2006.
- O mercado da aeronáutica, espaço e defesa teve um primeiro trimestre de 2007 sustentado, propício a nossas atividades, afirmaram na nota os co-presidentes executivos da Eads, o alemão Tom Enders e o francês Louis Gallois.
Afirmaram, no entanto, que 'apesar da tendência, a Airbus passou por dificuldades que reforçam a necessidade da reestruturação por meio do Power 8, lançado para enfrentar os desafios dos próximos anos'.
- Não pouparemos esforços para assegurar sua aplicação progressiva, afirmaram Gallois - que, além do cargo na Eads é o presidente da Airbus - e Enders.
No primeiro trimestre, a Airbus entregou mais de 115 aviões a seus clientes (contra 101 no primeiro trimestre de 2006) e seu volume de negócios (¬ 6,606 bilhões) aumentou, assim como o das divisões Astrium e Eurocopter da Eads, afirmou o grupo.
No entanto, o faturamento total sofreu com o impacto negativo do dólar e o projeto do avião de transporte militar A400M. A empresa informou que seu patrimônio líquido aumentou para ¬ 3,5 bilhões em março, contra ¬ 4,2 bilhões no final do ano passado.
Segundo o grupo, a demanda se manteve forte e os pedidos recebidos alcançaram os ¬ 10,5 bilhões (o mesmo nível de um ano atrás), apesar da fraqueza do dólar e do cancelamento de um pedido da versão de carga do A380.
No final de março, a bolsa de pedidos do Eads chegou a ¬ 261,5 bilhões (pouco menos que há um ano).
Neste contexto, a Eads confirmou suas perspectivas para 2007, publicadas em 9 de março.
Em seu orçamento interno para este ano, a Eads prevê uma ligeira redução do volume de negócios (sobre a base de uma taxa de câmbio de ¬ 1 para US$ 1,30) e uma estabilidade global de seu Ebit para este ano.
- Após um ajuste a um dólar estável, o faturamento da Airbus deverá se manter estável, sobre a base de entre 440 e 450 entregas ao longo do ano, apesar de uma demanda mais fraca do A400M, afirmou Eads.
A Airbus sofrerá outra perda substancial em 2007, devido às despesas relacionadas ao 'Power 8', a outros custos destinados a apoiar o projeto do A380, às despesas eventuais ligadas ao lançamento do A350 XWB, ao aumento das despesas com pesquisa e desenvolvimento, e ao impacto da deterioração da paridade euro-dólar.
Por outro lado, as atividades de helicópteros, defesa e espaço da Eads deverão ter um faturamento estável e aumentar coletivamente sua contribuição ao Ebit para cerca de ¬ 1 bilhão a partir de 2007, disse o grupo.