Adversários históricos em campos de batalha e de futebol, mas aliados geopolíticos nas últimas décadas, França e Alemanha dão a partida hoje em um cineclube conjunto de seus consulados no Rio, que dividem o mesmo endereço, no Castelo.
Além da união (europeia) na localização de seus escritórios diplomáticos, a ideia é de trazer para o Rio parte de duas escolas bem variadas de cinema, em sessões temáticas com um filme de cada país. A primeira acontece hoje e as seguintes estão marcadas para setembro e novembro. A intenção é que o Cineclube Franco-germânico continue em 2019, conforme a audiência. A sessão que abre o evento hoje tem como tema mulheres diretoras, com a alemã Margarethe von Trotta e a francesa Claire Denis.
“Minha ideia, conforme o espírito que pretendemos dar ao cineclube, é de mostrar mulheres que são, ambas, diretoras, porém diferentes entre elas”, explica a pesquisadora e crítica de cinema Andrea Ormond, curadora da mostra.
Com entrada franca, a programação começa às 18h, com “Os anos de chumbo” (“Die Bleierne Zeit ”), filme alemão de 1981, que narra a história de vida de irmãs filhas de um pastor protestante que se afastam da educação religiosa recebida dos pais. Juliane (Jutta Lampe) torna-se uma jornalista engajada que decide ajudar a irmã Marianne (Barbara Sukowa) quando ela é presa por envolvimento em ações terroristas de guerrilha comunista Baader-Meinhof. É um filme “intimista, lento e pesado sobre a relação entre as duas irmãs, que é um tema recorrente na obra dela [Margarethe von Trotta]. Uma reflexão sobre o que aconteceu na Alemanha nos anos 1970”, resume a curadora, que escolheu uma longa bem diferente para as 20h.
O segundo, “Desejo e obsessão”, da francesa Claire Denis, segue o estilo gore (escatológico), com o casal June (Tricia Vessey) que vai passar a lua-de-mel em Paris, quando ela começa a ter atitudes surreais, como tendências canibais.
A segunda sessão, em 11 de setembro, abordará famílias, com “Horas de verão” (2009), do francês Olivier Assayas, mostrando três irmãos que se encontram após a morte da mãe e acabam revirando os ressentimentos, como conta Andrea Ormond. Em seguida, vem “Punk Berlim”, filme de 1982 do alemão Oskar Roehler, em que “um jovem com relações problemáticas com mãe punitiva e pai ausente sai do interior da Alemanha e conhece a vanguarda da Berlim Pós-David Bowie”. Por fim, em 13 de novembro, o cineclube lembra os cem anos da 1ª Guerra Mundial, em que franceses e alemães foram inimigos. Ele abre com “Westfront”, clássico de 1930 do alemão Georg Wilhelm Pabst, que se passa na própria guerra. Depois, vem “Cessar-fogo”, de 2015, do francês Emmanuel Courcol, “mais intimista, sobre dois irmãos, quando um volta da guerra”, resume a curadora. Em todos os dias, os filmes serão exibidos às 18h e às 20h.
__________
Serviço
CINECLUBE FRANCO-GERMÂNICO MAISON DE FRANCE. Av. Presidente Antônio Carlos, 58, Castelo. Tel.: 2544-2533. Entrada franca, com ingressos disponíveis a partir das 17h no local.