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A moda verão vem da China, com tempero brasileiro: eventos renovam esperanças de melhora na economia

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SÃO PAULO - Salões de moda costumam representar a situação econômica de um país. Já tivemos Fenit nos anos 1980, com roupas com preços que variavam a cada hora do dia. Nos anos 1990, eventos e lojas exibiam custos em URV, uma unidade/moeda também instável. 

Assim, deu um certo alívio ouvir os comentários dos expositores da Fenin que se realizou no pavilhão do Anhembi nesta semana. “ A mulher, por vaidade, não respeita crise, quer estar sempre atualizada. Crises chegam sempre primeiro no setor masculino, que não muda tanto”, comentou Fouad Rkein, proprietário da Pacific Blue, uma linha com inspiração no sportwear, cartela de rosas, lilases, amarelos, laranjas, nudes. “E o vermelho, que não sai de moda. Será um verão de todas as cores.” 

Júlio Viana, diretor da Fevest, firma que organiza a Fenin, reuniu cerca de 600 marcas nesta edição. “Nas vésperas desta feira, fui procurado por produtores coreanos, querendo participar da próxima, em São Paulo. Nesta, muita gente cancelou, porque o contêiner com o mostruário não chegou a tempo”, contou Júlio, que, em 2019, montará a Fenin em São Paulo, Gramado e Camboriú.

Moda no contêiner 

Como assim, coleção em contêiner? Basta conferir nomes de estandes como Xiamen, Guangdong, Susan Zheng, para confirmar que a moda brasileira vem da China. Até a Lycra dos biquínis da La Bamba, por exemplo, é chinesa. Umas graças de modelos, na linha ciganinha, em estampas em cores alegres ou com aplicações douradas, como se viu no desfile Chanel. Segundo a designer Luiza Yu, “o tecido brasileiro não tem preço para nós”. 

A 12G leva a expressão “style Italy” junto ao nome. Mas pertence a Jacky Lee, chinês que começou com a confecção na Rússia e desde 2014 se estabeleceu no Brasil. Mostrou o trabalho em desfile com macacões estampados, listras em azul desmaiado, belos macacões em risca de giz e muitos tops. Tem muito jeito Rio no estilo. Quanto ao nome da marca, Jacky explicou (em inglês, ainda não domina o português): o G é a primeira letra do nome da esposa e o 12, o número de pessoas da família. Dez ainda estão lá do outro lado do mundo.  

Uma das exceções na internacionalização da moda: a GDMI, importadora (adivinhem de onde?) com grande showroom na Abelardo Bueno (Barra da Tijuca), tem, além das marcas chinesas, uma linda linha de lingerie de rendas, fabricada em Friburgo.  

O que vem por aí 

As previsões de estilo feminino apontam para macacões, calças com aberturas, listras multicoloridas, alguns poás, ? orais em fundos de tons claros, um tempero bem brasileiro para os dias mais quentes.

Nas propostas masculinas, nota-se uma rota surpreendente: ao lado das infalíveis bermudas e camisetas, há a perspectiva da volta à alfaiataria. Na Black West, empresa que já investiu R$ 60 milhões em cinco anos de ação e pretende investir R$ 10 milhões em produção neste ano, o look inovador atende ao jovem que vai usar o paletó de corte slim, com forros estampados e muitos detalhes que não desvalorizam o lado chic e despojado. “ É uma mistura da peça social com pegada fashionista, para este novo homem que se cuida, está mais vaidoso”, definiu Eduardo Cristian, designer da marca. Em uma prateleira, as polos continuam básicas. Qual seria a cor mais forte? Segundo Cristian, “a polo não sai de moda. Mas a cor é preconceito: usa-se a cor que faz bem!”. Com esta estratégia entre básicos e inovações, a Black West pretende ser a maior marca masculina até 2025. 

Portanto, nesta semana de vários eventos, como a Fenin, a Francal e o salão Inspiramais, renovam-se as esperanças de uma melhora na economia do país. Como definiu Fouad Rkein, da Pacific Blue, “não há motivo para o Brasil estar como está. Vamos trabalhar.”