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Em edição extraordinária, Cinefoot exibe três documentários em Moscou durante a Copa

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Às margens da Baía de Guanabara e do Rio Moscou, o jogo começa hoje simultaneamente no Rio de Janeiro e na capital russa para a edição extraordinária do Cinefoot, festival brasileiro de cinema sobre futebol que é realizado desde 2010.

Já com oito edições no Brasil e duas em Buenos Aires, o Cinefoot acontece pela primeira junto a uma Copa do Mundo – em 2010, não houve nem tempo para negociar exibições na África do Sul e, em 2014, a mostra aconteceu em maio, antes da competição sediada em solo brasileiro.

Neste ano, o diretor executivo do Cinefoot, Antonio Leal, trabalhou para conseguir “inserir o cinema brasileiro na agenda cultural que acontece com a Copa”, exibindo em Moscou três dos 12 filmes que, no Rio, estarão em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até 15 de julho, sempre com entrada franca.

A tática para emplacar as exibições em Moscou contou com parceiros russos e brasileiros, fora das programações da Fifa e da CBF. “Foi uma iniciativa totalmente independente da produção do festival. Nesse empreendimento, conseguimos o apoio da Embaixada do Brasil em Moscou, que produziu as legendas em russo; do Brazilist, um centro cultural brasileiro em Moscou; e da Moskino, uma rede de cinema da Rússia que nos cedeu três salas para exibirmos nossos filmes. Como retribuição, fazemos entrada franca, já que não estamos tendo gasto mesmo”, comentou Leal  ao JB, logo após sair da Casa do Peru, aberta na capital russa durante a competição. “Além do futebol, eles expõem todos os aspectos da cultura peruana, como a música, as pinturas incas, tapeçarias… Fico feliz por estarmos mostrando parte da nossa cultura brasileira aos russos também, aproveitando o episódio da Copa do Mundo para esse intercâmbio”, comemora.

Tanto em solo russo quanto em carioca, “João Saldanha” (André Iki Siqueira e Beto Macedo, 97 minutos, 2010) abre a mostra extra do Cinefoot, contando a relação do jornalista e ex-jogador que se tornou técnico do Botafogo e, depois, da Seleção Brasileira nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, lançando as “feras” – como se referia aos jogadores. “São 30 anos de história, com as passagens dele muitos aspectos ainda atuais, como as críticas que o Saldanha fazia à organização do futebol brasileiro”, destaca o diretor do Cinefoot. Nunca esclarecida, a substituição do “João Sem Medo” por Zagallo meses antes da Copa em que o Brasil se tornaria tricampeão no México tem em motivações políticas uma de suas principais suspeitas, o que pesava devido a sua filiação ao então clandestino PCB.

Também de conotação política, “Democracia em preto e branco” (Pedro Asbeg, 90 minutos, 2013) segue a mostra russa amanhã, lembrando a “democracia corintiana” em que jogadores do alvinegro paulista reivindicaram participar de decisões sobre a gestão do futebol do clube, enquanto apoiavam o frustrado movimento por eleições diretas, no início dos anos 1980.

“Estive com o Casagrande aqui e ele garantiu presença, disse que ficou emocionado”, conta Leal, sobre o ex-centroavante que participou do movimento corintiano com Sócrates, Zenon e Vladimir e hoje está em Moscou como comentarista de jogos da Copa na TV.

A série na Rússia vai até sábado com “Geraldinos”, que, por sua vez, emociona Leal, com seu relato sobre o fim da geral, espaço mais barato, quase no nível do campo, em que torcedores assistiam aos jogos em pé no Maracanã, sem necessidade de divisões entre torcidas, mas que foi extinto em 2005, durante reforma anterior à realizada para a Copa de 2014. “Aquela era a casa a cara do torcedor brasileiro, porque, sendo mais barata, dava mais condição de todos irem, sem divisão”,  lembra o diretor da mostra, que acredita ter levado à Rússia “um belíssimo panorama do cinema brasileiro sobre futebol, sem ter que falar especificamente de um jogador, um time ou da seleção, mas de como ele faz parte da nossa cultura, da nossa sociedade, e levar isso para o conhecimento do exterior”.

Tem brasileiro em Moscou e russo no Rio de Janeiro também. Vencedor do 8º Cinefoot, no ano passado, “Campinho” (Eduard Bordukov, 100 minutos, 2016) estará na edição extraordinária do CCBB, nos dias 6 (sexta) e 12 (quinta), às 19h. Longa de ficção produzido na Rússia, ele conta a história de quatro jovens apaixonados por futebol, um dos quais é estimulado pela namorada a levar seu talento a sério.

Outro diferencial da seleção de filmes do CCBB é o documentário italiano “Pergunte quem era Falcão” (David Rossi, 87 minutos, 2017), sobre o volante que ficou conhecido como o “Rei de Roma”, ao defender o clube da capital italiana na década de 1980 e que será exibido neste sábado, dia 30, e depois no domingo, 6 de julho, sempre às 17h.

“Ele só passou aqui uma vez, no Cinefoot do ano passado. Agora, quem quiser assistir terá mais duas oportunidades”, destaca Antonio Leal, como sobre chances de gol, que não se devem desperdiçar.

Antes de “João Saldanha”, hoje às 19h, a mostra extra no CCBB estreia às 17h com “Bahêa minha vida – O filme”, documentário de 100 minutos, de 2016, em que o diretor Marcio Cavalcante aborda o tricolor baiano.

Ele usa a entonação do grito da turma tricolor no refrão do hino do clube para relembrar a conquista da primeira de suas duas estrelas de ouro, ao vencer a Taça Brasil de 1959/1960, em cima do Santos, de Pelé. 

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Serviço 

CINEFOOT EXTRAORDINÁRIO CCBB. 

R. Primeiro de Março, 66 - Candelária; Tel.:3808-2020. Duas sessões diárias, de quinta a domingo, às 17h e 19h. Até 15/7. 

Entrada franca, sujeita a lotação (102 lugares, na Sala 1 de cinema). 

Programação completa em www.cinefoot.org/programacao-cinefoot-extraordinario-2018-rj