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'O homem é o lobo do homem' destaca crítica sobre 'Canastra suja'

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Caio Soh é um cineasta inquieto, que busca de ir além do que já entregou antes. Apontando para lugares distintos, em seu quarto longa ele volta a mirar em novo alvo, de olho em um certo naturalismo que o tira do trilho de seus últimos trabalhos. Aqui, uma família suburbana observa a própria estrutura ruir assim que os esqueletos vão sendo retirados dos armários de cada um. 

O quinteto de sonho formado por Adriana Esteves, Marco Ricca, Bianca Bin, Pedro Nercessian e a estreante Cacá Ottoni é formidável. De montagem nervosa e com uma captação de planos impecável, como é de praxe em seu trabalho, Soh parece abrir um novo caminho em sua filmografia, em busca de uma vertente mais corrosiva, ainda que autêntica e típica de nosso tempo. “Canastra suja” é um grande exemplar nacional de cinema “humano-cão”, onde apenas lobos treinados serão capazes de sobreviver na arena das ambições sociais.

Com um roteiro azeitado que escorrega levemente no fim, o longa de Soh é mais um dos  grandes lançamentos da temporada. Ele traz uma amargura urbana aliada a um senso de sobrevivência a qualquer custo e uma picardia que o aproxima de “Estômago”, de Marcos Prado, ao mesmo tempo em que se afasta deste, sendo muito mais dócil com seus personagens. Torna-se, assim, um retrato triste sobre a devastação contra quem se ama – e como viver com ela. 

*Membro da Associação de Críticos do Rio de Janeiro

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CANASTRA SUJA: *** (Bom)

Cotaçõeso Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom

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