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Peça 'Ariano, o Cavaleiro Sertanejo', em homenagem a Ariano Suassuna, estreia amanhã

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Um dia antes dos 91 anos de seu nascimento, Ariano Suassuna entra na mira de seis cavaleiros representados por atores da companhia de teatro Ciclomáticos, que homenageia o escritor e dramaturgo paraibano em “Ariano, o Cavaleiro Sertanejo”, que estreia nesta sexta e segue até 8 de julho no teatro do Sesc Tijuca. 

Foi em 16 de julho de 1927 que Ariano nasceu na Cidade da Parahyba, capital do Estado que, entre 1924 e 1928, foi governado por seu pai, João Suassuna (1886- 1930). Seu nascimento, nas dependências do Palácio da Redenção, sede do poder executivo estadual, marca a primeira das seis – não apenas quatro – estações inspiradas na vida e na múltipla obra do artista.

Radicado no Recife, onde viveu até sua morte, em 23 de julho de 2014, ele nunca se conformou com a mudança do nome de sua cidade natal para João Pessoa, sucessor de seu pai no governo paraibano e cuja família foi acusada de ter sido o mandante do homicídio dele, em outubro de 1930, no Rio de Janeiro, por motivos políticos, durante a Revolução de 1930 – o próprio João Pessoa já havia sido assassinado três meses antes, quando era candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Getúlio Vargas.

A morte do pai, sofrida por Ariano aos três anos, marca a segunda estação da peça, que, no entanto, não se trata de uma biografia, como ressalta o autor e diretor Ribamar Ribeiro.

“Estamos poetizando a vida dele, pegando referências de sua obra”, explica Ribeiro, que dividiu a peça em duas partes: uma com os seis cavaleiros à procura de Ariano, o cavaleiro principal que lhes serve de inspiração; outra com eles vivenciando a trajetória dele, marcada pelas seis estações. “Quatro não seriam suficientes”, brinca o diretor.

Não por acaso, após a morte do pai, a terceira estação aborda o encontro do cavaleiro nordestino com o Diabo, marcando ainda a referência a “O auto da compadecida” (1956) – peça mais conhecida de Ariano, seguida por “O romance d’a pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta” (1971).

Um encontro bem mais agradável – com a mulher, Zélia – marca a quarta estação. Já na quinta, o cavaleiro encara a Moça Caetana – lenda popular nordestina, ela foi contada em versos por Ariano, em poema a sobre mítica mulher sedutora que, qual uma sereia, atrairia os homens para a mata, onde se transformaria em onça e os devoraria.

Por fim, os seis cavaleiros enfim se encontram, na sexta estação, a “grande revelação”, como detalha o diretor e autor das 11 peças encenadas pelos Ciclomáticos em 22 anos de carreira que a companhia completa em setembro, mas começa a comemorar agora, com três meses de antecedência.

São mais de 200 prêmios, entre nacionais e internacionais, para celebrar nessas mais de duas décadas, marcadas por homenagens a autores consagrados e peças encenadas, entre idas e vindas, há mais de dez anos. “Temos duas montagens que fazemos desde 2006”, conta Ribamar Ribeiro, citando “Sobre mentiras e segredos”, baseada na obra de Nelson Rodrigues e encenada no ano passado, no Teatro Dulcina, e “Antes que o galo cante”, inspirada em Jorge Amado.

Homenagens à parte, os textos são originais. “Não uso trechos da dramaturgia do Ariano Suassuna, mas de alguns depoimentos dele, em entrevistas, pequenas frases de um homem que teve grande importância em sua vida, incluindo questões políticas e culturais”, justifica Ribeiro, que ainda ambientou a peça na fictícia cidade de Armorial – nome do movimento idealizado pelo escritor para criar uma arte erudita com elementos da cultura popular nordestina.

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SERVIÇO

“Ariano, o Cavaleiro Sertanejo” Sesc Tijuca (R. Barão de Mesquita, 539 – Tijuca; Tel.: 3238-2139) Sex. a dom., às 20h. Até 8/7 Duração: 80 minutos Ingressos: R$ (30) inteira, R$ 15 (meia), R$ 7,5 (comerciários). Classificação indicativa: 12 anos