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Crítica: A amante

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Todo processo de revolução é complexo, mas não há como ser represado. Cabe a um homem ou a uma nação saber até que ponto é capaz de encarar essa transformação. Escrito e dirigido pelo tunisiano Mohamed Ben Attia, “A amante” conta a história de Hedi, um jovem guiado pela tradição familiar. O casamento, arranjado pela mãe, vai acontecer dentro de uma semana, mas Hedi está apático diante da união com uma jovem. Vendedor de carros, ele também não tem entusiasmo pelo trabalho e coleciona com carinho ilustrações que refletem seu verdadeiro talento. Numa viagem de trabalho, conhece Rym, uma mulher de espírito livre. A paixão e a possibilidade de uma ruptura com a vida planejada criam um “novo” Hedi.

É inevitável o paralelo do jovem com a situação do país. Poucos anos após uma revolução contra a ditadura (2011), num dos movimentos da Primavera Árabe, a Tunísia avançou na transição democrática, mas ainda vive desigualdades econômicas e sociais. No filme, acompanhamos uma revolução particular. Haverá ruptura dele com a opressão da mãe que impõe seu destino? Ele terá consistência para seguir o próprio caminho?

Ganhador do prêmio de “Melhor filme de estreia” no Festival de Berlim 2016, Ben Attia acerta na dramaturgia ao mostrar o complexo processo de busca da liberdade, com atuação certeira de Majd Mastoura que lhe rendeu o Urso de Prata de “Melhor ator”.

* Membro da ACCRJ

Cotação: *** (Bom)