ASSINE
search button

Festival Back2Black ganha uma apresentação extra no Theatro Municipal

Compartilhar

Na oitava edição brasileira, o Festival Back2Black, que acontece no Rio em novembro, ganhou uma apresentação extra hoje no Theatro Municipal. Seguindo a proposta de celebrar a diversidade rítmica da música negra, a apresentação comemora também o Dia da África. “Será quase uma ópera contando a história da música africana. Mário Lúcio foi convidado, porque, além de grande músico e compositor, é premiado escritor e foi ministro da Cultura de Cabo Verde”, diz a diretora-geral do festival Connie Lopes, referindo-se ao artista com quem divide a direção artística do evento. 

“É uma data que tem passado despercebida, então veio a ideia do Back2Black em concerto, para alcançar um público mais vasto. É preciso compreender a África e toda a história mal contada”, destaca o premiado escritor. 

A direção musical e os arranjos do concerto ficaram a cargo do maestro, pesquisador e compositor baiano Letieres Leite, que se consagrou em todo o país como criador da Orkestra Rumpilezz. “Foi um trabalho prazeroso. E, mais do que música, este é um evento interessante para se refletir, de forma profunda, questões como a grande desinformação que há no Brasil sobre a cultura africana. Vamos ressaltar elementos de origem negra que tiveram importância fundamental na formação musical das Américas”, reforça Letieres. 

Mário Lúcio inicia o concerto com cinco canções – uma delas, “Ilha de Santiago”, com a cantora Natasha Llerena –, em que se destacam sonoridades primordiais, como mandingas, iorubas, olofs e bantos. “Vou trazer meus traços culturais para juntar com os que existem aqui. Temos que reconstruir a história com base na ciência e historiografia, mas também no misticismo e religiosidade, e não continuar repetindo o que os outros escreveram sobre nós e que cada dia nos põe mais separados”, afirma. 

Uma interessante atração da noite será a cantora, compositora e multi-instrumentista londrina, de 35 anos, Sona Jobarteh. “Ela vai representar toda a musicalidade do Noroeste africano, com referências no Mali e Senegal”, adianta a diretora. A artista descende de uma família griot da Gâmbia, cujos membros são os únicos no país autorizados a tocar kora, a harpa com 21 cordas. A tradição de mais de sete séculos, passada de pai para filho, pela primeira vez foi quebrada por ela, a única mulher a tocar o instrumento no mundo. 

A Orkestra Rumpilezz, liderada por Letieres, participa em três músicas com Sona. Depois, Mário Lúcio recebe o Ensemble de Cordas da Orquestra Maré do Amanhã e a cantora Mariene de Castro que, por sua vez, faz dueto com Martnália. Gilberto Gil encerra o concerto com quatro músicas, entre elas, “La renaissance africaine”, lançada pelo compositor há dez anos. 

Mário Lúcio reforça a importância social do Back2Black que, nos dias 9 e 10 de novembro, ocupará o Centro de Ação e Cidadania, no bairro da Saúde, na zona portuária da cidade. “É um evento que ultrapassa muito o simples entretenimento, divulgando uma das essências do continente africano, fundamental nesse cosmos inteiro, que é: ‘Vocês são todos meus filhos, todos nasceram aqui’. Não podemos esquecer disso, mesmo que o caminho tenha nos separado pelo tom da pele. Isso acaba com a deturpação do relacionamento humano diário, onde uns são vítimas, outros carrascos. Vamos dar as mãos para corrigir e não continuar a replicar o que foi feito e não está certo”, diz, otimista.

__________

Serviço 

BACK2BLACK IN CONCERT 

Theatro Municipal (Pça. Floriano, s/n - Cinelândia - Tel: 2332-9191). Hoje, às 21h (após o concerto, festa no Salão Assyrio até às 2h). R$ 15 a R$ 120. Classificação: Livre

__________

MAIS DO CADERNO B:

>> Começa festival internacional de dança RIO H2K

>> Hildegard Angel: O Cardeal e as Damas

>> Paulo Mariotti lidera sucesso de ilustrações na Europa

>> Atriz francesa volta às telas brasileiras com 'A câmera de Claire'

>> Tom Leão: Longe de um cinema perto de você

>> Confira a programação do final de semana