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Crítica: Hans Solo - Uma história Star Wars

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TOM LEÃO, especial para o JB 

Solo: Mas bem acompanhado

Prequels, de modo geral, explicam o que não era para ser explicado. Certos mitos não precisam ser desconstruídos. Por isso, “Solo” não era realmente necessário. Afinal, o tipo que nós gostamos não é exatamente um herói avant la lettre. Ele é meio cafajeste, mercenário assumido, faz umas coisas que não são politicamente corretas, é malandro. Um filme, explicando a origem do personagem, tinha tudo para macular o mito.

Felizmente, se esta nova “história Star Wars” não é uma maravilha, também não é uma tragédia. Seu primeiro terço é enfadonho. Explica o que não precisava ser explicado. Contudo, quando Han (Alden Enhenreich) conhece seu parceiro de falcatruas, Lando Calrissian (Donald Glover, acertada escolha), e tem o primeiro contato dele com a nave Millenium Falcon, o coração do velho fã sente um quentinho de nostalgia.

A trama é algo capenga. Tampouco o caricato vilão, feito por Paul Bettany (o Visão, dos Vingadores) marca presença. Já Enhenreich, se esforçou para compor o tipo clássico de Han, no jeito de olhar, andar, agir. Mas não tem metade do carisma de Harrison Ford, que nos fisgou no primeiro momento em que entra em cena, no “Guerra nas estrelas” original.

O resultado final, é um filme ok. Uma aventura light, sem nada de memorável ou grandes arroubos. Precisava? 

* Crítico e colunista do Caderno B 

Cotação: ** (Regular)

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RODRIGO FONSECA*, especial para o JB 

Queda de pressão e ritmo? 

Competência é uma palavra obrigatória quando se fala do cinema de Ron Howard, que, vez por outra, tem espasmos de transcendência, como em “Frost/Nixon” (2008) e “Rush” (2013), e, aqui ou ali, esbarra na apatia, como em “O dilema (2011). Porém, “Star Wars”, uma religião para muito cinéfilo, não é um lugar para ser apenas competente: existe uma dimensão épica na saga iniciada em 1977 que precisa ir além do feijão com arroz narrativo para se impor como fenômeno pop e para fazer jus ao peso de sua própria tradição. 

O erro de “Han Solo”, apesar de todo o carisma de Alden Ehrenreich no papel principal, está em sua direção se contentar com o que é “eficiente”, sem buscar o ethos de grandiosidade que caracterizou a luta contra o Lado Negro da Força.

Dramaturgicamente, Howard comete o erro de concentrar as sequências de ação nos extremos do filme. Ao blocar as situações de mais adrenalina, dá margem a uma queda vertiginosa de ritmo, que se torna ainda mais dolorosa quando Donald Glover entra em cena. Seu talento é enorme, como se vê na série “Atlanta”, mas ele não alcança a dimensão pícara do ladino Lando Calrissian, reduzindo o anti-herói a uma caricatura. Há um empenho de Woody Harrelson em resgatar o viés de épica ao escavar inquietações existenciais na figura de Beckett, o mentor de Han (Ehrenreich). Mas ele não salva o filme da queda de pressão.

* Roteirista e presidente da ACCRJ

Cotação: * (Ruim)