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'Uma viagem interior', destaca crítica sobre “Somente o mar sabe”

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O que levaria um homem apaixonado pela esposa e pai de três filhos com uma vida modesta, mas equilibrada, a aventurar-se sozinho numa arriscada viagem de barco? Baseado em uma história real, “Somente o mar sabe” (The Mercy) retrata a aventura de Donald Crowhurst. Um homem que aparentava satisfação, mas desejou navegar pelo imprevisível e dar um sentido maior para a vida. Marinheiro amador, ele competiu em 1968 a Sunday Times Golden Globe Race, na esperança de se tornar a primeira pessoa na história a dar a volta ao mundo sem parar. Dirigido por James Marsh, vencedor do Oscar pelo doc “O equilibrista” e diretor de “A teoria de tudo”, o longa aparenta caráter documental, mas logo veremos que o sonho do homem tem dimensão existencial que vai além da competição.

Crowhurst recorre a investidores para viabilizar a construção de uma embarcação competitiva. O orçamento apertado envolve a casa da família. A esposa, Clare (a ótima Rachel Weisz), teme os riscos da viagem, a falta do marido e não tem a exata noção do dano financeiro que a aventura pode causar. A fotografia de Eric Gautier explora o belo contraste da paleta de cores entre o amarelo e abóbora dos 1960s e os verdes e azuis da encantadora cidade de Teignmouth, na Inglaterra. Já o roteiro de Scott Z.

Burns peca em inconsistentes construções nas idas e vindas da narrativa entre o mar e a terra. Mas é a atuação de Colin Firth, como Donald, que segura a trama. Se a estrutura do drama pessoal não está tão bem amarrada, Firth emociona e confere a credibilidade adequada para que o filme possa navegar. 

*Ana Rodrigues é membro da ACCRJ

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CONSTRUINDO PONTES: ** (Regular)

Cotaçõeso Péssimo; * Ruim; ** Regular; *** Bom; **** Muito Bom

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