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EUA: maconha para fins recreativos gera US$ 220 milhões em impostos

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Ainda é meio enfumaçada essa questão de como funciona o uso de maconha recreativa nos nove estados norte-americanos que já autorizaram a venda de cannabis para este fim. Em alguns estados o turista pode comprar, mas não pode consumir em locais públicos. Em outros, não pode comprar, mas pode consumir onde quiser.  Mas o importante é que segundo informações do NORMAL (North American Organization to the Reform of Marijuana Laws), somente em impostos foram arrecadados, no  ano passado, mais de US$ 220 milhões de dólares, algo em torno da bobagem de R$ 716 milhões. 

Por exemplo, em Denver, no Colorado, qualquer um pode entrar em um dispensário e fazer suas compras bastando apenas mostrar algum documento comprovando idade superior a 21 anos. Mas não se pode consumir em locais públicos, apenas dentro de casa ou no carro, se você não estiver dirigindo. o  turista que estiver de passagem pela cidade e quiser curtir seu baseadinho, tem duas alternativas. A primeira é pegar um taxi até 30 km do Centro de passar a tarde em uma das casas abertas para este fim como o Studio 420, uma espécie de clube de fumação. O local é igualzinho ao Centro Acadêmico de sua faculdade, não importa qual tenha sido sua faculdade, com sofás velhos e encardidos por todos os lados, mesas rabiscadas, bongs, vídeo-games e lariquitos disponíveis para os frequentadores. Cobra-se US$ 10 para entrar de sócio e US$ 4,20 a cada visita, com direito a acompanhante. No fim das contas a sensação é meio decadente. Muito, mas muito mais bacana do que esse esquema é pegar o Loopr: o Uber da maconha. 

Basicamente o Loopr é um ônibus de 44 lugares adaptado com direito a música ambiente, banheiro, wifi  e todos os gadgets imaginários para o consumo da erva. Ele circula nos principais points de interesse turístico no Centro de Denver e custa US$ 32 por um passe de 24 horas. Em um rolé no fim da tarde,  o que se encontra é novamente, um clima de centro acadêmico de universidade, com turistas de todos os cantos fumando e confraternizando durante o passeio. O roteiro inclui os principais dispensários da cidade e algumas lojas de acessórios como a Purple Haze, que fabrica os “bongs” e cachimbos de vidro mais surreais que sua imaginação possa conceber. 

Em San Francisco, na California, até o fim de dezembro do ano passado, os turistas não podiam comprar maconha. Mas o consumo nas ruas estava totalmente liberado. Vocè póderia estar curtindo um quarteto de cordas num barzinho hipster até ouvir o convite: “Que tal ir lá fora fumar um baseado?”. Problema zero. Quem quisesse se credenciar pra comprar maconha pra valer também não precisa sofrer tanto. Bastava ir até a mitológica loja de discos Amoeba Records, no famoso bairro hippie de Haight-Ashbury e por US 50 sair com uma carteirinha dizendo que você é asmático. 

Mas surreal mesmo é na capital Washington. Lá, turistas não podem nem pensar em comprar ou consumir maconha nas ruas. A solução é apelar pára a iniciativa 51. E o que é isso? Você vai a uma lojinha descolada, escolhe uma camiseta por exemplo e paga, digamos, US$ 10 a mais do que o preço na etiqueta. Em troca, você  ganha de presente, um baseadinho pra chamar de seu. Enquanto isso, no Brasil, jovens negros e brancos, quase pretos de tão pobres, continuam lotando presídios apenas porque alguns deputados não gostam do cheiro de seus cigarros.

*O jornalista Jan Theophilo esteve recentemente nos EUA para o JB