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Theatro Municipal RJ encena a ópera-balé ‘La Tragédie de Carmen’

Adaptação de consagrado diretor Peter Brook é baseada na obra de Bizet

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O Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresenta uma versão inédita na cidade da célebre ópera “Carmen”, de Bizet. Ao mesmo tempo em que traz todas as melodias e cenas mais famosas e amadas de Carmen — a Seguidilha, a Canção do Toreador ou a Aria da Flor, por exemplo — La Tragédie de Carmen concentra a ação nos quatro protagonistas em um poderoso espetáculo de pouco mais de uma hora que estreia dia 9 de agosto e ficará em cartaz até o dia 19. E no dia 13 de agosto, uma promoção especial para o público, com nova edição do Domingo a R$1.

La Tragédie de Carmen, que faz sua estreia profissional brasileira no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, terá direção de Juliana Santos e Menelick Carvalho, uma orquestra de solistas da Orquestra Sinfônica do TMRJ, regida por Priscila Bomfim e Jésus Figueiredo, acompanha os 4 cantores principais (em 3 elencos), bailarinos do Corpo de baile do TMRJ e jovens talentos da Escola de Dança Maria Olenewa, coreografados por Marcelo Misalidis.

Nos três elencos nacionais, reconhecidos cantores como Carolina Faria, Eric Herrero e Leonardo Neiva; destacados solistas do coro do TMRJ, como Flavia Fernandes, Ivan Jorgensen, Lara Cavalcanti e Gisele Diniz; e ainda jovens talentos da Academia de Ópera Bidu Sayão, como Cintia Graton, Tatiana Nogueira, Matheus Pompeu e Frederico Oliveira. É precisamente nesta original junção de canto e dança, num espetáculo de ópera e balé, de vídeo e imagens fortes, que a magia e o drama da obra original aparecerão com uma força renovada no palco do Municipal.

A estreia de Carmen, de Bizet, no l'Opéra-Comique, em 1875, foi uma das mais controversas da história da Ópera. A plateia, acostumada com obras edificantes que tratavam de assuntos nobres, ficou chocada com a ousadia de Bizet, que abordava a vida e os sentimentos de soldados baixos e criminosos, e trazia como personagem principal uma cigana sedutora e sem qualquer moral. As críticas foram as mais diversas. Sobre a obra, o Music Trade Review, de Londres, escreveria “Se fosse possível imaginar Sua Majestade Satânica escrevendo uma ópera, Carmen seria o tipo de obra que se esperaria”. Em contrapartida, a avaliação do Le National de Paris destacou: “Bizet quer pintar homens e mulheres de verdade, alucinados, atormentados pelas paixões, pela loucura. Assim, a orquestra conta suas angústias, seus ciúmes, suas cóleras e a insensatez geral".  Apesar do choque inicial (ou talvez até mesmo por causa dele), a história consagraria a ópera de Bizet como uma das mais importantes do gênero.

Em 1983, o diretor de cênico, Peter Brook, em colaboração com o escritor Jean-Claude Carrière e o compositor Marius Constant, surpreendeu novamente o mundo da ópera, apresentando, em Paris, sua adaptação de Carmen com duração de apenas 90 minutos. O próprio título da obra, La Tragédie de Carmen já deixa clara a intenção do diretor. Brook eliminou muitos personagens - e todos os coros de soldados, crianças e trabalhadores das fábricas - para concentrar a ação nos quatro personagens principais. "tudo foi recortado buscando focar na intensa interação, na tragédia de quatro pessoas", declarou o diretor.

O resultado é um poderoso espetáculo teatral com colorido espanhol pela música de Bizet. Todas as mais conhecidas árias foram mantidas e dramaticamente reorganizadas para uma orquestra de câmara. Mais curta, a versão de Brook torna-se ainda mais desafiadora para intérpretes e público, já que a tensão se mantém do inicio ao fim do espetáculo. Desde sua estreia, La Tragédie de Carmen foi apresentada nos principais palcos do mundo da ópera. Agora será a vez dos cariocas se emocionarem com a versão de Peter Brook.

"O objetivo meu e do presidente do Theatro Municipal, André Lazaroni, que também é Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, é ajudar o teatro a ser autossustentável, mais livre para poder oferecer sua arte. Não somente trazer o público de volta ao Municipal mas também mostrar que este Theatro está no coração de todos, aberto a todos. Obras que todo mundo deve ter a oportunidade de conhecer, feitas com a qualidade e criatividade do TMRJ. Fazer ‘La Tragédie de Carmen’ é o perfeito resumo disso tudo: um título popular, feito em uma nova versão. Unindo solistas do Balé, Orquestra e Coro, além de novos diretores e coreógrafos. Além do mais, ‘Carmen’ é em si uma personagem que fala dessa liberdade, de desafiar as situações mais difíceis", afirma André Heller-Lopes, diretor artístico do Theatro Municipal.