No início dos anos 80, com o país em gradual abertura política e o pop em ascensão, uma mulher fazia canções em que misturava sonoridades até então inusitadas – e que ganhariam o as pistas de dança anos depois. E chamou a atenção de nomes como Cazuza e Caio Fernando Abreu, dos quais veio a ser parceira musical, e foi cantada por Ney Matogrosso (“Tudo é amor”, com Cazuza) e Elza Soares (“Hino à diversidade, com Glauco Mattoso). Na década seguinte, era comum ouvi-la nas pistas de clubes modernos do Rio e de São Paulo. Essa mulher é a gaúcha Laura Finocchiaro, que, em fevereiro deste ano, quebrou longo jejum sem se apresentar no Rio. No show, no Beco das Garrafas, lançava seu mais novo EP, “Eletrorgânica (Vol.2)”, no qual traz faixas do CD anterior, “Copypaste”, remixadas por grandes DJs. Naquela noite, muita gente voltou da porta, o que levou a casa a convidá-la para quatro novas apresentações mensais. A próxima é dia 19 de abril, quando Laura volta àquele palco acompanhada por sua Banda Larga.
No repertório, faixas do novo EP como “On/Off”, “Cirandar” e “Todo mundo pro mundo”, música que a norteou na ideia do novo show, no qual expõe seu olhar sobre (e para) o mundo. Tanto que terá no dia 19 a participação da cantora portuguesa Carolina Floare, com quem divide os vocais na releitura de “Estranha forma de vida”, clássico do repertório de Amália Rodrigues. E por falar em clássico, Laura não renega seu passado e apresenta canções como “Tudo é amor”, sua parceria com Cazuza, “Gata de rua”, que a consagrou nos anos 80, e “Dinheiro”, sua parceria com Leca Machado.
É de Leca, aliás, o poema “Criação”, ouvido numa colagem musical com “Pavão Misterioso”, clássico de Ednardo. O texto é uma homenagem da autora à trajetória da cantora que completa este ano 35 anos na estrada. Outro texto em homenagem à artista é o poema gravado pelo escritor e jornalista Christovam de Chevalier, cujos versos (“Estar a salvo não condiz com sua história/Ela atravessa o corredor da noite escura/ Amanhecer não significa uma vitória”) servem como um prólogo à apresentação. Homenagens à parte, Laura não quer deitar sobre os louros. Mas quer festejar seus 35 anos de resistência na cena musical. E está muito bem acompanhada por Elir Filho (guitarra), Tamara Janson (baixo), Rui Lessa (bateria), Artur Rodrigues (flautas) e pelo vocais de Ana Maura e Riko Vianna, que integram sua Banda Larga. E essa conexão faz com que o ouvinte navegue por um mar sonoro agitado ?- no bom sentido da palavra. Que soem os acordes!
Serviço:
Data e hora: 19 de abril, quarta-feira, às 21h30m
Local: Beco das Garrafas (R. Duvivier, 37, Copacabana. Tel: 2543-2962)
Ingresso: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)