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As “Vistas Lumière” e os 450 anos do Rio em exposição nos Correios

Em mostra inédita, filmes dos irmãos Lumière contracenam com cenas gravadas com celulares

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Cenas do movimento das ruas em grandes metrópoles e pequenas cidades, pelo mundo todo, filmadas com câmera parada. Ou melhor, com cinematógrafo parado. Pessoas, trens, carruagens, automóveis.  Durante anos, os irmãos Auguste e Louis Lumière, considerados os pais do cinema, registraram, com a invenção que denominaram “cinematógrafo”, pequenos documentários de aproximadamente três minutos de duração, com cenas do cotidiano que retratam, sobretudo, os impactos da modernidade nas principais capitais europeias.

Agora, 20 desses documentários, conhecidos como “Vistas Lumière” e que estão sob a guarda do Instituto Lumière, na França, visitam o Brasil pela primeira vez. E poderão ser vistos, a partir de 8 de dezembro, na exposição As Vistas Lumière e os 450 anos do Rio de Janeiro, no Centro Cultural Correios, que exibirá também surpreendentes cenas do Rio de hoje, gravadas em celulares por alunos do Instituto Benjamin Constant.  Idealizada por Aída Marques, que responde pela concepção e curadoria, a mostra tem cenografia de Doris Rollemberg, ambientação sonora de Marcos de Souza e curadoria das fotografias do Rio de Janeiro de Pedro Vasquez e das filmagens atuais de Adriana Fresquet. O patrocínio é dos Correios e da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de janeiro.

– A exposição exibe os filmes dos irmãos Lumière dentro de um contexto muito especial: a memória.  Que faz a ponte para o presente e conecta as possibilidades da tecnologia – observa a curadora. – É possível perceber, com clareza, que a beleza que se vê nas primeiras imagens do cinema e a beleza contida num filme feito com celular são, no fundo, a mesma coisa. Ambas são fruto do maravilhamento diante de uma tecnologia que surge, além de expressar a arte de quem as produz.  É uma viagem pelo tempo e não no tempo, já que liga o início do cinema à mais recente tecnologia para registro de imagens via celular.  E trata também das várias visões possíveis sobre imagens em movimento – conclui Aída.

As imagens gravadas nos celulares são de autoria de um grupo de deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant, que tiveram aulas teóricas e práticas para participarem do projeto. – A proposta é a mesma dos filmes dos irmãos Lumière: imagem frontal, câmera parada. O aspecto contemporâneo se traduz no uso do celular, uma plataforma muito próxima das novas gerações, importante também porque carrega um conceito a ser filmado e tem o aspecto da inclusão. Afinal, a gente acha que vê ...sei lá o que a gente acha vê.  Por que, então, não “ver” as coisas de uma outra maneira? Acho que essa proposta traz um diferencial não só para quem filma como para os espectadores.  Pode suscitar até a vontade de reproduzir as imagens. “O que eu veria (“eu, que enxergo”), por exemplo? É um outro ângulo para mostrar que eventuais “deficiências” não impedem o crescimento e a expressão de qualquer pessoa – explica a curadora Adriana Fresquet.

Imagens e sons em harmonia

Os dois primeiros filmes registrados pelos irmãos Lumière – a Chegada de um trem à estação de La Ciotate Saída dos trabalhadores da Fábrica Lumière– recebem os visitantes no espaço que dá acesso à primeira sala de projeção, onde também estarão exibidos, ao mesmo tempo e em 12 telas distintas, diversos filmes que compõem as “Vistas Lumière”. Marcos de Souza, músico e compositor, que responde pela sonoplastia da exposição, revela que a ambientação sonora da mostra evoca vários tipos de sonoridades, inclusive trechos musicais que remetem à época em que foram feitos os filmes, mas nada muito explícito, apenas para situar e envolver os visitantes. Na abertura para convidados, Marcos de Souza estará ao piano, ao vivo, para proporcionar ao público uma “viagem aos primórdios do cinema, na companhia dos irmãos Lumière”.

A cenógrafa Doris Rollemberg conta que toda a ambientação procura criar um vínculo da memória com a contemporaneidade. – Há uma espécie de “corredor” que liga a primeira sala, onde acontecem as “Vistas Lumière”, à segunda sala, que evoca o Rio de Janeiro de ontem e de hoje. – Este corredor abriga uma instalação sonora que estimula a viagem que a exposição propõe, o encontro com o Rio de Janeiro, que ocorre em dois momentos. O primeiro é feito de filmes antigos da cidade, fotografias, imagens colorizadas (coloridas com tinta transparente, como se fazia antes da fotografia a cores), cartões postais. Já o segundo momento é o atual: no espaço chamado “Minuto Lumière”, em telas de celulares espalhados pela sala, o visitante poderá conhecer olhares inéditos sobre o Rio de hoje.

Serviço

As Vistas Lumière e os 450 anos do Rio de Janeiro

Uma seleção inédita no Brasil dos primeiros filmes feitos pelos irmãos Lumière, lado a lado com imagens antigas e atuais do Rio de Janeiro

Abertura para convidados: 8 de dezembro de 2015 às 19 horas

Exibição para o público: 9 de dezembro 2015 a 21 de fevereiro 2016

Centro Cultural Correios

Rua Visconde de Itaboraí, 20 - Centro Telefone: 21 2253-1580 [email protected]

Entrada franca

Visitação: De terça a domingo, das 12h às 19h