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Rio São Francisco, em Minas Gerais, ganha Inventário Cultural

Programação inclui exposição e conversas com mestres de fazeres tradicionais 

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Durante três anos, uma equipe do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), em parceria com a Unimontes, percorreu a parte navegável do rio São Francisco para identificar os bens culturais da região e, assim, promover o registro do seu patrimônio imaterial. De forma colaborativa e com a participação da comunidade, os técnicos do Iepha-MG fizeram um levantamento dos lugares, celebrações, formas de expressão, saberes e fazeres mais representativos das comunidades ribeirinhas. A equipe percorreu 17 cidades que margeiam o curso navegável do São Francisco em Minas Gerais, partindo de Pirapora com destino a Manga.

A experiência adquirida com o projeto permitiu ao Instituto consolidar uma metodologia de inventário e registro própria, pioneira em Minas Gerais, que poderá ser executada em outras regiões do Estado. “Em uma perspectiva de escuta das comunidades, este trabalho reafirma uma proposição desta gestão de construção de uma política pública de Patrimônio, que avança de uma noção material de Patrimônio para o reconhecimento da atividade, do processo e do produto cultural”, afirma a presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo.

Com base no Inventário Cultural serão realizadas, a partir do dia 24 de outubro, diversas atividades, entre elas a mostra “Alameda São Francisco: o Rio inunda a Cidade”. A instalação, que será aberta no dia 24 e vai até o dia 2 de novembro, é uma realização do Iepha-MG com curadoria de Tereza Bruzzi e Alexandre Rousset. Além da exposição, que ocupará a alameda central da Praça da Liberdade, outros eventos acontecerão nos espaços que integram o Circuito Liberdade.

A abertura acontece no sábado, 24, no MM Gerdau -Museu das Minas e do Metal, com o lançamento da publicação “Caderno do Patrimônio Imaterial: Inventário Cultural do Rio São Francisco”, às 10h. O evento contará com a presença da presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, do secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, da equipe que produziu o Inventário Cultural e da comunidade que participou da pesquisa colaborativa. No mesmo local, seis mestres do Vale do São Francisco mostrarão e conversarão com o público sobre seus diferentes bens culturais como a feitura de redes de pesca, de viola, pintura corporal indígena, entre outros.

Dando sequência às atividades, o “Batuque de Ponto Chique”, um tradicional grupo de percussão da região do São Francisco, conduzirá o público em um cortejo do museu à Praça da Liberdade. 3 Circuito Liberdade Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais Governo do Estado de Minas Gerais

No dia seguinte, domingo (25), a programação continua com o “Rei dos Temerosos”, um grupo nascido na cidade de Januária e que se manifesta por meio de danças e gingados próprios do reisado e da marujada. A roda acontecerá às 10h, na Praça da Liberdade.

Já no dia 31 de outubro, encerrando as homenagens a um dos mais importantes cursos d`água do Brasil, o grupo de teatro Ponto de Partida apresentará o espetáculo “Mineiramente”, dirigido por Regina Bertola. A peça acontecerá no Circuito Liberdade, às 17h. Durante todo o período da mostra, o Espaço do Conhecimento UFMG exibirá, na Fachada Digital, uma série de imagens do inventário cultural do São Francisco, sempre das 19h às 23h, na ação “Tradições do São Francisco na Fachada Digital”.

Inventário Cultural do Rio São Francisco

A terceira edição dos Cadernos do Patrimônio Imaterial, agora voltado ao patrimônio cultural do rio São Francisco, demonstra a troca de saberes entre todos os envolvidos. “A estrutura do Caderno foi pensada em eixos temáticos, tais como modos de vida das comunidades tradicionais da região, saberes das águas, técnicas produtivas e artesanais, culinária, celebrações e ritos religiosos, formas de expressar alegria, lendas e mitos e lugares de produção e reprodução das suas práticas sociais e culturais”, explica o gerente de Patrimônio Imaterial, Luis Molinari.

O Caderno do Patrimônio Imaterial é uma publicação que tem como objetivo divulgar os estudos técnicos realizados pela instituição. No caso do Inventário Cultural do Rio São Francisco, a publicação apresenta um recorte da pesquisa realizada durante três anos na região, em parceria com a Unimontes e o Ministério Público.

Produção colaborativa

A curadoria da exposição “Alameda São Francisco: o Rio inunda a Cidade”, assim como o inventário do São Francisco, foi realizada de forma colaborativa. Enquanto o mapeamento do patrimônio cultural foi realizado com a ajuda das comunidades existentes ao longo do rio e do sertão próximo, a seleção do que seria focado na mostra nasceu de uma relação de trocas de conhecimento entre os pesquisadores do Iepha-MG e a equipe de curadores.

Esta metodologia, segundo os curadores da mostra, coloca o trabalho num lugar de fronteira, surgido entre a preservação da memória imaterial cultural e a instalação cênica. “A ideia foi inserir a figura do cenógrafo como um mediador desse acervo. Transformar o inventário numa instalação. No espaço aéreo das palmeiras teremos um grande rio. E na parte central da montagem estará um pouco da memória de tudo o que foi registrado pelos pesquisadores”, adianta Tereza Bruzzi, uma das curadoras. 3 Circuito Liberdade Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais Governo do Estado de Minas Gerais