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Sala interativa faz público se sentir como Bracher no CCBB do Rio

Instagram ‘eterniza’ criações da experiência imersiva e tecnológica

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Criada para ser propagada no Instagram, a sala interativa que faz parte da exposição “Carlos Bracher - Pintura e Permanência” oferece ao público a possibilidade de se sentir como o pintor mineiro por meio de imersão e interatividade. O resultado fica alguns segundos no ar, que é tempo suficiente para ser clicado e difundido na rede social. Concebida e realizada pela dupla de artistas Barbara Castro e Luiz Ludwig, a obra está em cartaz até 1º de junho no cofre do CCBB do Rio. Depois, segue para Brasília e Ipatinga, em Minas Gerais.

Ao invés de tinta, códigos binários foram programados por meio de alta tecnologia para proporcionar a sensação de conseguir pincelar com a intensidade de Bracher. “Essa transposição de materialidade foi o nosso maior desafio. Inclusive ouvimos dele algo como ‘Engraçado. Vocês conseguiram reproduzir as minhas pinceladas em números’. E foi exatamente isso”, comenta Ludwig, que é especialista em transformar a experiência no museu em algo prazeroso e mais próximo do entretenimento.

Imersão na obra estimula a interação

Resumidamente, a experiência do usuário se dá da seguinte forma: Ao entrar no cofre, a pessoa é envolvida pela poesia de Carlos Bracher e por uma das músicas que inspiram suas pinturas. Logo após poucos passos, a silhueta dela é refletida na parede, um ponto de luz a atrai, e seus gestos com as mãos passam a ganhar a expressividade das pinceladas de Bracher. As palavras com a grafia do artista correm para os cantos para emprestar o lugar a essa criação efêmera, que fica alguns segundos no ar, e se desmancha pouco a pouco. Nesse pequeno intervalo final, a maioria das pessoas fotografa, e compartilha no Instagram.

”O processo interativo é intuitivo e todas as pequenas dicas deixam o processo de interação mais fluido, sem que ninguém precise receber qualquer instrução”, explica a artista-pesquisadora e designer Barbara Castro, que é doutoranda em Artes Visuais pela UFRJ.

O público ganha a oportunidade de expressar o que viu sobre o artista ao longo da exposição, e ainda juntar com a sua própria história e gostos. Em cada “pincelada virtual”, consegue-se um efeito com três cores. Foi feito um estudo aprofundado da paleta de cores, do tom sobre tom, e dos traços de Bracher, por exemplo, com o intuito de aproximar o resultado ao máximo da obra do pintor. A instalação tem também a reprodução de algumas das típicas dedicatórias e poemas que Bracher coloca no verso de quadros.

Experiências de Barbara e Luiz se complementam

Este é o primeiro trabalho da dupla, que se conheceu durante a graduação em Desenho Industrial na PUC-Rio. Nascidos em 1988 e nerds assumidos, os jovens artistas seguiram por caminhos diferentes e complementares.

A produção de Barbara Castro é marcada pela transdisciplinaridade, atuando especialmente nas áreas de interatividade e programação criativa. É doutoranda em Artes Visuais / Poéticas Interdisciplinares, e no mestrado pesquisou a visualidade do movimento humano em relação a sistemas sensoriais artificiais.

Já Luiz Ludwig, que é professor na PUC-Rio, se especializou em transformar a experiência do usuário de museus em algo mais acessível e atraente. Fez o mestrado no Maryland Institute College of Art, nos Estados Unidos, onde dedicou-se à pesquisa da relação entre tecnologia e design a fim de proporcionar experiências participativas para o público.

Os dois participam de todo o processo de produção das obras interativas que já trabalharam, desde o conceito até a programação de dados. Nesta instalação imersiva e interativa, Ludwig a convidou após decidir fazer a interatividade ligada ao corpo. O resultado dessa parceria está cumprindo sua proposta, e eles estão colecionando todas as publicações no Instagram sobre a experiência no cofre do CCBB do Rio, que integra a exposição “Carlos Bracher – Pintura e Permanência”.