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Revista 'Grão' é lançada, para promover história e cultura do Vale do Café

Intituto Preservale também planeja produzir documentário sobre região fluminense

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O Instituto Preservale lançou na noite desta terça-feira (2), na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, a revista Grão, que conta com reportagens e depoimentos de figuras como o jornalista e cineasta Luiz Carlos Barreto e o jornalista George Vidor, sobre a região fluminense Vale do Café. A jornalista Liliana Rodriguez, editora da publicação, em conversa com o Jornal do Brasil, comentou sobre a intenção ainda de realizar um documentário ou filme sobre a área histórica. 

"Por causa dessa região a produção de café no Brasil teve o sucesso que teve", resume Liliana, que informou ainda que a revista deve ser distribuída trimestralmente, de forma gratuita, para comemorar os 20 anos do Instituto Preservale e celebrar o patrimônio histórico e cultural do Vale do Café. A revista, então, é para "marcar o início das comemorações".

O lançamento foi prestigiado por dezenas de convidados, entre eles o diretor-geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Paulo Eduardo Vidal, o presidente do TCMRJ, Thiers Vianna Montebello, o cineasta e jornalista Luiz Carlos Barreto, a jornalista e advogada Narcisa Tamborindeguy, o carnavalesco e especialista em narrativas de Cultura, Milton Cunha, e a gerente-geral do Copacabana Palace, Andrea Vidal.

O presidente do Instituto Preservale, Nestor Rocha, destacou para o JB que passou o ano todo trabalhando em prol da publicação. "Nessa região do Vale do Café, você tem mais de 120 fazendas históricas, todas do século 19, por volta de 1850, de modo que é uma região muito rica, que a gente precisa divulgar cada vez mais".

Rocha contou ainda que deve começar a colher depoimentos de pessoas que conhecem e gostam do Vale do Café, e que um roteiro já está sendo discutido para um documentário ou um filme que mostre e consolide definitivamente a região como zona turística do Rio de Janeiro.

Para Milton Cunha, pós-doutor em narrativas de Cultura pela UFRJ e carnavalesco, a revista funciona, a cada nova edição que for lançada, como um "documento de memória". 

"Quem for colecionando a Grão vai ter um acervo à disposição para poder aprofundar essas histórias (do Vale do Café). Ela começa a criar uma bibliografia para os estudiosos, e quem não for estudar vai ter informação cultural. Dá para pegar a revista pelo aspecto intelectual, que é maravilhoso, mas também dá para pegar a revista como divulgadora da beleza da região."

Luiz Carlos Barreto ajuda a traduzir a importância do Vale. Ele constata que o Vale do Café está para a arquitetura colonial como Brasília está para a arquitetura moderna. "Ali você tem uma exposição de arquitetura colonial ao ar livre, ao vivo e a cores", comentou Barreto com o JB, ressaltando ainda a importância econômica da região para o país, quando foi a maior produtora de café do mundo.

Barreto pretende realizar um filme sobre uma outra história do Vale do Café, a história de amor entre Joaquim Nabuco e Eufrásia, projeto em processo de maturação e que deve iniciar as filmagens dentro de dois ou três anos.

Thiers Montebello, presidente do TCMRJ, amigo de Nestor que acompanhou os momentos iniciais de planejamento da revista Grão, salienta a intenção de transformar o Vale do Café no Vale do Loire do Brasil, e destaca o grande passo que o lançamento da revista dá nessa direção. "Ainda não vi a revista com detalhe, mas acompanhei o seu nascedouro. Você vê que é uma revista de alta qualidade. Asseguro que o conteúdo deve ser igual."

Montebello ressalta a determinação de Nestor Rocha de dar visibilidade e restabelecer uma história que estava um pouquinho relegada. "Eu aplaudo com muito entusiasmo essa iniciativa dele. O Nestor tem essa coisa de determinação. O Preservale para ele virou uma obsessão. Então, ele faz as coisas com interesse, com dedicação."

O advogado Paulo Elísio, também presente no lançamento da Grão, comentou que quem desenvolve e promove a cultura da região ajuda a preservar a história e a movimentar a economia. "Se formos contabilizar o que tem de história centenária naquela região, construções, peças, etc., etc., aquilo é um grande museu a céu aberto. Então, me parece que essa ideia do Instituto Preservale, da revista Grão, serve para divulgar e atrair pessoas."

Vale do Café é a denominação turística para o conjunto de 15 municípios da região do Vale do Paraíba do Sul Fluminense, localizado a cerca de 120 km da cidade do Rio de Janeiro. São eles: Vassouras, Valença, Rio das Flores, Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Paty do Alferes, Paracambi, Miguel Pereira, Mendes, Barra do Piraí, Pinheiral, Barra Mansa, Paraíba do Sul, Volta Redonda e Resende. Na década de 1860, produziam 75% do café consumido no mundo e garantiam ao Brasil a condição de líder mundial na produção e exportação de café. Hoje, muitas das fazendas estão abertas à visitação.