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Em noite pop, Rock in Rio tem melhor fluidez mas volta a ter problemas

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O Rock in Rio amadureceu dois anos, buscou corrigir algumas falhas cometidas em 2011, mas repetiu erros cruciais. Poucas horas antes da abertura dos portões, marcada para as 14h, uma massa de fãs se aglomerou na Avenida Salvador Allende para formar a fila de entrada.

Foram montadas apenas grades de contenção na transversal, quase que empilhando as pessoas que buscavam entrar entre as primeiras no festival. No quesito do trânsito, o acesso privilegiou os usuários do serviço de ônibus oferecido pelo festival, mas obrigou o restante a longas caminhadas  debaixo de sol após os bloqueios nas avenidas dos arredores.

Quem optou pelos ônibus convencionais, com baldeação no terminal Alvorada, na Bairra da Tijuca, em direção à Cidade do Rock, enfrentou filas, mas não teve maiores problemas para curtir o festival.

PALCO SUNSET

A parte musical do Rock in Rio começou pouco após a abertura dos portões para o público às 14h. O Palco Sunset, que abriga as misturas sonoras, começou com o encontro entre Flavio Renegado e Orelha Negra, show para poucos corajosos que encararam o sol forte. O local recebeu ainda os shows de Vintage Trouble e Jesuton e a parceria entre Maria Rita e Selah Sue.

O show do Living Colour, o quarteto nova-iorquino de Corey Glover e Vernon Reid fechou a sexta do Sunset, mas aconteceu no dia errado. A apresentação cheia de peso do grupo caberia em qualquer outro dia destinado ao rock no festival. O competente show para o público apático só foi salvo pela cantora africana Angélique Kidjo, que diminuiu o ritmo e migrou do rock para a world music.

PALCO MUNDO

Já no Palco Mundo, o principal do festival, as atividades começaram por volta das 17h com a apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira, regida por Roberto Minczuk. Assim Falou Zaratustra, e a 5a. Sinfonia de Beethoven antecederam um pout-porri de versões orquestradas de clássicos do rock internacional e brasileiro como (I Can't Get No) Satisfaction dos Rolling Stones, Bohemian Rhapsody do Queen, Será da Legião Urbana e Pintura Íntima do Kid Abelha.

Um tributo a Cazuza, a exemplo do que aconteceu dois anos atrás com a Legião Urbana, veio em seguida. Paulo Miklos, Maria Gadú, Bebel Gilberto, Jota Quest e Ney Matogrosso se juntaram ao Barão Vermelho, banda que lançou Cazuza ao estrelato para uma homenagem à carreira do cantor morto em 1989.

Na noite mais pop do festival, Ivete Sangalo colocou seu sotaque de axé e fez o primeiro grande show do Rock in Rio 2013. Completando 20 anos de estrada, e despejando um sucesso atrás do outro, Ivete ainda achou tempo para se escorar em uma questionável versão de Love Of My Life do Queen, faixa lendária do show que a banda britânica fez na primeira edição do festival no distante ano de 1985.

Em 2013, o coro emocionante do público não veio da plateia, mas sim do sistema de som durante a performance de Ivete. Apenas uma emulação do que foi um dos momentos mais marcantes da história do festival 28 anos atrás.

Há pouco que se comentar da apresentação de David Guetta. O DJ, de fato um dos mais famosos do mundo, se apresenta no Brasil mais do que muito artista nacional. Efeitos visuais e algumas versões sampleadas de canções como Song 2 do Blur serviram mais como passatempo entre Ivete e Beyoncé do que propriamente um show.

Pouco depois da meia-noite o Palco Mundo se iluminou para receber a primeira headliner da quinta edição do Rock in Rio em solo nacional. Em um dia onde o pop radiofônico ditou o que seria tendência no Palco Mundo, o encerramento de Beyoncé e sua turnê The Mrs. Carter Show resumiram bem os itens básicos que resultam em um artista de sucesso das massas.

Cabelos esvoaçantes - ventiladores em força total durante todo o show -, incontáveis trocas de figurinos, dançarinos e bailarinas em sincronia e uma performance sensual sobre um piano de cauda. Prestando a atenção em todos os itens anteriores, é esperado que a música em si não vire o centro das atenções, e só trilha sonora de um espetáculo.

O QUE DEU ERRADO

Velhos problemas, novas soluções

O primeiro dia de Rock in Rio 2013 foi marcado ainda por um problemas clássico da edição de dois anos atrás: banheiros interditados e mau cheiro. Desta vez, o problema ocorreu no esgoto de sanitários femininos bem ao lado da lanchonete Bob's, junto ao palco Sunset. 

"Está insuportável, estava indo comprar um lanche, mas nem quero mais", reclamou a estudante Graciane de Oliveira, de Recife, Pernambuco. "Me disseram que aconteceu isso em 2011 também, que pena", completou. 

O diretor de fiscalização do Procon-RJ, Fábio Domingos, explicou que os banheiros foram lacrados para não colocar em risco a preparação dos alimentos por parte da lanchonete. "Os organizadores do evento terão 15 dias para apresentar as justificativas" para não serem multados, argumentou. 

A organização do Rock in Rio explicou que o mau cheiro e pontos de alagamento foram ocasionados por problemas nas bombas de sucção que estão sendo utilizadas para drenar o esgoto do parque e que a situação já havia sido normalizada por volta de 22h. 

Em 2011, o mesmo problema fez com que várias poças se formassem nas áreas próximas dos banheiros com um odor insuportável. O banheiro da sala de imprensa chegou a ser interditado em função desse vazamento.

Se o público teve que desviar das poças de esgoto e curtir o festival em alguns pontos "prendendo a respiração", por outro lado o fato de a organização ter diminuído de 100 mil para 85 mil pessoas o público de 2011 para 2013 mostrou-se uma decisão acertada. 

Entrada dos fãs

Não bastou o sol forte que castigou os seguidores mais fanáticos de Beyoncé. A desorganização na hora de montar a fila fez com que muitos se amontoassem espremidos em grades de contenção até poucos minutos antes da entrada ser liberada. Alguns chegaram a passar mal.

O QUE DEU CERTO

Fluidez e menos ingressos

A fluidez pela Cidade do Rock melhorou consideravelmente no comparativo com a última edição. As filas para as lanchonetes também diminuíram sensivelmente - em 2011, muitos perderam atrações nas aglomerações para saciar a fome. Outro ponto positivo foi o fato de que muitos fãs conseguiram entrar no festival com comida e água. 

"Pediram apenas para a gente abrir e deixar a tampa, bem melhor, eu vim no de 2011 e tivemos muito problemas para comer e beber, isso está melhor mesmo", concordou o estudante Caio Carvalho, que fazia uma espécie de piquenique enquanto curtia a Rock Street, espaço alternativo do festival que homenageia este ano o cenário do rock inglês e irlandês.

POP DÁ LUGAR AO ROCK

No segundo dia do Rock in Rio 2013, o pop sairá um pouco de cena para dar lugar ao rock. Com o trio britânico Muse como atração principal, o festival receberá Florence and the Machine, Thirty Seconds to Mars, Capital Inicial, The Offspring e uma homenagem a Raul Seixas com Detonautas e outros artistas.

De acordo com o Climatempo, o sábado será de sol com algumas nuvens. A mínima será de 17° C e a máxima de 33°C. No período da noite, a temperatura deve se estabilizar por volta dos 20°C.