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História do presidente do bloco Cacique de Ramos vira filme

"O patuá tamarindo" começa a ser rodado em fevereiro de 2014

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“Estou muito feliz. Sinto-me completo com toda essa homenagem do filme. Não tem melhor momento para agradecer a Deus. Me considero realizado e de missão cumprida. Eu devo a essa tamarineira tudo o que sou hoje", comenta Ubirajara Félix de Nascimento, músico do grupo Fundo de Quintal, fundador e presidente de um dos mais ilustres blocos de Carnaval do Rio, o Cacique de Ramos. O bloco completa 52 anos e se tornou Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro em 2010.

Toda a magia e luta que envolvem a vida material e espiritual de Bira Presidente, como é conhecido, além de sua relação com uma árvore considerada sagrada, serão retratadas no filme de ficção O patuá tamarindo, que começa a ser filmado em fevereiro de 2014 pela produtora GLP filmes. A árvore do título tem grande importância na vida deste personagem. O projeto foi lançado em um evento realizado na sede da agremiação, na Zona Norte do Rio, na última terça (2).

Eduardo Maruche e Natara Ney são os diretores do longa-metragem, cuja ideia surgiu a partir de outro projeto, o Coisa de Jorge, realizado em 2007 em homenagem a São Jorge, e que contou com a participação de Jorge Aragão, Jorge Vercillo, Jorge Mautner e Jorge Ben Jor. Durante as pesquisas, Maruche se deparou com a história de Bira e resolveu explorar mais o assunto.

Fé, benção e muita música

O Patuá Tamarindo abordará, além da trajetória de vida de Bira, as crenças e causos de grandes músicos, que participavam das rodas de samba promovidas ao pé de uma tamarineira existente na quadra do Cacique de Ramos, espécie de patuá do bloco carnavalesco. A planta recebeu um preparo espiritual baseado nas doutrinas do candomblé feito pela Mãe Conceição, progenitora de Bira. “Todas as pessoas que por aqui passarem, forem boas de coração e tiverem dotes especiais colherão frutos”, disse Mãe Conceição, ao abençoar a tamarineira.

Reza a lenda que a árvore já trouxe bênçãos para célebres músicos. E muitos deles deram seus testemunhos da ação do talismã, como Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Sergio Mendes, Mussum, Neguinho da Beija-Flor, Dudu Nobre, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Gabrielzinho do Irajá, entre outros.

Maruche conta que Bira precisou renunciar a dois empregos públicos para se dedicar inteiramente à direção do bloco. “Ele foi orientado por sua mãe e Mãe Menininha do Gantois – uma das mais famosas mães de santo do Brasil – a seguir com este sonho. A história do Cacique se mistura com a do samba”, analisa o diretor.

Equipe de renome é convocada para o projeto

Para roteirizar a história, Eduardo chamou Adriana Falcão, Allan Ribeiro, Jô Abdú, Nelson Caldas e Paulo Guimarães, seis profissionais de nome no mercado, todos com grandes projetos no currículo. O filme tratará não só da questão mística e musical, mas também da relevância cultural do Cacique de Ramos para a música brasileira e Carnaval.

Adriana Falcão conta que não era muito familiarizada com o mundo do samba, mas após o convite de Maruche, encantou-se com a trajetória de Bira. “Foi aí que descobri e entendi o quanto é importante essa história para o resgate do samba. Como o Bira tem essa missão na vida. Não foi por acaso. Esse toque de desconhecido que há nisso tudo me seduz. Todo mundo conhece a importância das Velhas Guardas da Mangueira e da Portela, por exemplo. Agora vamos contar outra coisa, que é desconhecida de muita gente”, ela propõe.

Bira explica que o Cacique de Ramos é uma casa que tem as portas abertas. “Para quem chegar aqui com sua espiritualidade, dedicação e amor, as portas estão abertas. E pode crer, vai colher frutos”, finaliza.

Quem quiser conhecer o samba, a tamarineira e toda história pode esperar o filme ou ir à quadra do bloco, localizada na Rua Uranos, número 1326, em Ramos. De acordo com o presidente, tem energia boa para todo mundo.

*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil