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"Tem hora que me sinto viúva do Emílio Santiago", diz Alcione

Velório do cantor vai até as 21h na Câmara dos Vereadores

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A comoção foi geral para as centenas de admiradores e alguns artistas presentes no velório do cantor Emílio Santiago, que acontece na Câmara de Vereadores, na Cinelândia, Centro do Rio. A chegada do caixão, marcada para as 12h, só aconteceu às 16h, devido ao atraso no traslado. Emílio faleceu às 6h30 da manhã desta quarta (20), em decorrência de complicações de um AVC.

A visitação do público acontece até as 21h desta quarta, e será reaberta das 7h às 10h da manhã desta quinta (21), quando o corpo será levado para o Memorial do Carmo, no Caju. O enterro está marcado para as 11h. E a pedido do próprio cantor, o corpo será enterrado junto de sua mãe, Ercília, falecida em 2006.

"Tem hora que me sinto viúva do Emílio. Um grande irmão e amigo. Perdemos uma voz. O Brasil ficou sem voz. Agora só temos o Cauby. Só cantou o amor e a beleza do país”, disse, bastante emocionada, a cantora Alcione que, ao se aproximar do caixão, teve um súbito mal estar e precisou ser amparada por amigos.

Diversas coroas de flores chegavam durante o velório, enviadas por cantores, como Elba Ramalho e Zeca Pagodinho, pelo bloco carnavelesco Cacique de Ramos e pela apresentadora Fá Morena, entre outrosZélia Duncan, Marcus Valle, Daisy Lucidi eram algumas das personalidades que foram à cerimônia.

Marília Pêra contou que em todo espetáculo que fazia, podia ver Emílio na platéia. “Ele sempre ia me prestigiar. A maior lembrança dele era a técnica vocal apuradíssima, timbre especialíssimo, uma coisa divina”, exalta a atriz. “Era a maior voz do Brasil, segundo a Nana Caymmi. Acho que uma das maiores vozes, pois a Nana também é”, reconhece Marília.

Segundo Nana Caymmi o AVC de Emílio foi uma surpresa para todos. "Ele acabou de fazer um Carnaval, estava bem. Infelizmente é uma fatalidade. Desde o dia 7, eu estava rezando para que isso não se estendesse. Ele não era de ficar parado não”, comentou a artista. “Ele não perdia um show meu. Estou perdendo um irmão, de quem fui madrinha de formatura”.

Amigos próximos falam de lado do artista não muito conhecido

Evandro Araújo Jr, amigo do cantor há mais de 30 anos, revela que tinha grande intimidade com ele e diz que Emílio gostava de brincar, debochar de tudo. “Eu, que já fui estilista, o vesti por 13 anos. Hoje moro em Itaipava e íamos para lá fugir da correria da cidade grande. Comia muito e era extremamente chique, mesmo ao acordar. Sempre perfumado. Emílio xingava um palavrão como ninguém”, ele lembra, rindo ao lembrar das histórias dos dois.

“Na época do boom da AIDS, Emílio cuidou de muita gente, mas não aparecia, não podia aparecer. Quem levava a ajuda era eu, ele mandava ver a conta no hospital e pagava. Às vezes as famílias vinham me agradecer, e eu nem poderia dizer nada... Era um grande ser com uma voz maravilhosa ”, confidencia Evandro.

>>Morre no Rio, aos 66 anos, o cantor Emílio Santiago

Soca, secretário do cantor, estava muito abalado e emotivo. “Sinto uma dor muito grande com sua partida. “Perdi um amigo, um irmão, aquela pessoa que me ligava para dizer “Está fazendo o quê? Nada? Você não presta”. Agora quem vai me ligar dizendo que eu não presto? Todas as lembranças vão ficar”, lamenta Soca, revelando ainda que recebeu diversas ligações de apoio, inclusive da cantora norte-americana Dione Warnick.

Emílio apareceu pela última vez ao vivo no programa Encontro com Fátima Bernardes, na manhã de 4 de março, três dias antes de ter o AVC. Ele divulgava seu projeto de CD e DVD Só Danço Samba (Ao Vivo), lançado em 2012, e estava com quatro shows marcados para este mês, um deles, no sábado (16), na quadra da escola de samba Portela, em Madureira, Zona Norte do Rio.

* Do projeto de estágio do JB