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Crítica de teatro: "Rock in Rio - O Musical"

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Para inaugurar a belíssima Grande Sala de espetáculos da Cidades das Artes, Rodrigo Nogueira escreveu Rock in Rio - O Musical, livremente inspirado na história de um dos maiores Festivais do Mundo, que acontece no Rio de Janeiro desde 1985.

O autor se sai muito bem. Segue uma linha de dramaturgia que mistura a realidade e a ficção, cotejando momentos políticos do nosso país, onde a música de alguma forma teve importante papel libertador e aglutinador. Ao escolher a música como o meio de protestar de um grupo de jovens estudantes, Nogueira destaca o fundamental papel da Arte na formação do indivíduo. 

Sofia (Yasmin Gomlevsky), é a jovem protagonista, filha do organizador do Festival de Música, Orlando, vivido por Guilherme Leme, e para superar a ausência da mãe direciona a sua revolta em um discurso lógico, rígido e afiado, onde a música não encontra espaço. 

Leme se ajusta perfeitamente ao seu personagem, vivendo no limite desse conflito familiar e o amor à filha Sofia, Yasmin, boa atriz que já vinha se firmando e agora se revela como cantora.

Seu par romântico é defendido por Hugo Bonemer, que interpreta Alef, o jovem que se recusa a falar, movido pela dor da perda do pai, e só se comunica através da Música. Completando o casting principal, Lucinha Lins, representa a professora da Universidade Gloria, mãe de Alef, e é responsável  pelos momentos de maior emoção do espetáculo, ao lado de Hugo Bonemer, ambos com interpretações marcantes e lindas vozes. 

O grande elenco faz por vezes o público cantar, relembrando momentos reais do Festival, com bons desempenhos, destacam-se as participações da experiente Kaku Gomes, do ótimo Ícaro Silva, da bela voz de Bruno Sigrist, do hilário Caike Luna, Luiz Pacini, Emílio Dantas e Chris Penna, acompanhados por uma banda de nove músicos. 

A direção musical é de Délia Fischer, que criou novos arranjos para as canções que marcaram as diferentes edições do Rock in Rio, como Pro Dia Nascer Feliz, de Cazuza, Don't Let The Sun Go Down On Me, de Elton John, Freedom, de George Michael, Óculos, de Herbert Vianna, Fear Of The Dark, do Iron Maiden, Love Of My Life, de Freddie Mercury, entre outras, no original e em versões do autor Rodrigo Nogueira. 

João Fonseca apresenta o seu melhor trabalho como diretor de musical e vence de início o desafio de preencher o imenso espaço cênico com cenas bem dirigidas e criativas e, para isso, conta com a grande ajuda das ótimas coreografias de Alex Neoral.

Os figurinos multicoloridos de Thanara Schönardie são bastante originais e remetem ao universo jovem e da música. Nello Marrese, em parceria com Natália Lana, é responsável pela concepção dos mais de vinte cenários, conseguindo bons e funcionais efeitos cênicos. Paulo Cesar Medeiros valoriza o excelente trabalho de iluminação do espetáculo. Design de som – Marcelo Claret - principal responsável pelo sucesso do som da Sala e toda a logística e ajustes necessários ao seu perfeito funcionamento.   

Rock in Rio - O Musical está em cartaz na Cidade das Artes, na Barra. 

Vale aqui um elogio ao seu Diretor, Emilio Kalil, pela abertura do espaço, projetado pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc, ainda que não em sua plena capacidade de funcionamento  -  duas salas de espetáculos e 21 espaços multiuso compostos por três cinemas (total de 500 lugares), galeria de arte, salas de ensaio, salas de aula, lojas, cafeteria e restaurante  -  mas que já traz para a Cidade um Teatro de 1.224 lugares, com os melhores recursos técnicos e artísticos. Parabéns ao Rio de Janeiro por mais essa Casa de Espetáculos.

Cotação: Rock in Rio - O Musical (* * * *)