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Crítica: "As aventuras de Pi"

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Tornar belo e tangível aquilo que seria impossível é uma das marcas registradas do aclamado diretor Ang Lee (O tigre e o dragão).  Em As Aventuras de Pi, Lee convida o espectador a um mergulho fantástico na divina história de um jovem que se vê em situações aparentemente surreais.Através de efeitos visuais deslumbrantes com tecnologia CGI combinados a um 3D sutil e muito bem aproveitado, Pi reconta sua vida a um escritor cético, porém disposto a ser surpreendido.

O filme é uma adaptação de The Life of Pi, obra polêmica do canadense Yann Martel, acusado de ter plagiado Max e os Felinos (1981), do brasileiro Moacyr Scliar. Muito parecidas, as histórias se distanciam por pormenores e, na canadense, ainda conta com uma certa ironia em relação a acusação. Scliar escreve sobre um judeu que se vê preso com um jaguar em uma pequena embarcação. Já Martel coloca Pi (hindu, muçulmano e católico) com um tigre. E para aqueles que ainda têm dúvidas deste claro marcador, Pi, quando é questionado se também é judeu, responde: “Isso não”.

Rixas à parte, Lee é capaz de comover os espectadores assim como ambos escritores fizeram com seus leitores. Visual, emocional e espiritual são unidos em uma excelente e grandiosa adaptação que trata das micro e macro visões da vida, constantemente fundidas, formando paradoxos infinitos, nos quais o um é o todo e o todo é um. Impossível não se sentir parte do universo de Pi.

Bastante preocupado com a conexão do espectador com o filme, Lee optou por um elenco formado basicamente por desconhecidos e chegou a trocar duas vezes o ator que faria o escritor. Na última, Rafe Spall substituiu Tobey Maguirepor Lee considerá-lo “famoso demais” e temer que tal fato comprometeria o foco do filme.Muito provavelmente é o que aconteceria. Mas nem todos são “carne nova”. Fugindo à regra estão Gerard Depardieu, que aparece brevemente, e a atriz Tabu,que faz o papel da mãe de Pi e é bastante reconhecida na Índia.Ainda assim, um rosto novo pras bandas de cá. Outra parte da viagem a este mundo magnífico se deve a atuação intensa do ator recém descoberto, Suraj Sharma, que faz Pi aos 17 anos. Brilhante.

Impecável em vários quesitos, o filme já promete muitas estatuetas no Oscar 2013, que por sinal estará disputadíssimo. Aguardar e ver.

Cotação: **** (Excelente)