ASSINE
search button

Crítica: "O Hobbit: Uma jornada inesperada"

Compartilhar

Apesar do título, é uma jornada mais que esperada que chega aos cinemas nessa sexta feira. A aclamada pré-sequência para a trilogia de Senhor dos Anéis (que também vem em trilogia) chega galopando às telonas. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada estreia com uma expectativa altíssima, em grande parte pelo sucesso da clássico cinematográfico de J.R.R. Tolkien, que estende o tapete vermelho a essa audaciosa adaptação do primeiro grande romance do escritor inglês.

No epílogo da jornada, uma próspera fortaleza, que perde sua impenetrabilidade ao ser derrotada por um temível dragão conhecido por Smaug, força toda uma raça anã a migrar em busca de um novo lar. Mais de meio século mais tarde, o líder anão decide cumprir a palavra de seus antepassados e retornar a cidade protegida por Smaug a seus verdadeiros donos. Nessa jornada de (re)conquista estão 13 corajosos anões, o famoso mago Gandalf, o Cinzento, e Bilbo Bolseiro, um pacato hobbit cuja maior aventura da vida foi roubar talheres de prata do vizinho durante uma festa.

Diferentemente dos outros filmes da sequência, que transformou três grandiosos livros em três longametragens, a adaptação divide a narrativa de apenas um livro em três (aparentemente) grandiosos filmes. Não se pode dizer com certeza agora, mas ao que tudo indica, isso pode prejudicar bastante a condução dramática em detrimento da fidelidade à literatura de Tolkien. Em outras palavras, fica muitíssimo claro ao espectador que o ritmo de evolução da história, dessa vez, será mais lento. Sequências de combate que seriam "resolvidas" em 3 minutos em qualquer outro filme aqui ocupam 15 minutos de projeção e podem, em alguns casos, deixar o espectador se perguntando sobre sua real necessidade à história que se conta.

Entretanto, isso não necessariamente prejudica o longa. As sequências, muito bem filmadas, presenteiam os olhos com planos espetaculares. Auxiliada, ainda, por uma edição precisa, Jackson consegue devolver ao filme boa parte da dinâmica que o roteiro rouba. A interpretação do elenco dá vida de maneira primorosa aos personagens fantásticos idealizados por Tolkien. E, claro, como não podia faltar, as várias promessas de indicação ao Oscar: efeitos especiais, maquiagem, trilha sonora, direção de arte e fotografia, o que pode obrigar muita gente a rearrumar suas estantes para dar espaço a novas estatuetas douradas.

Um outro aspecto que inegavelmente merece destaque é a utilização de uma nova tecnologia na gravação do filme. Em substituição à convencional cadência de 24 quadros por segundo o longa do baixinho de pés peludos foi rodado em 48 quadros por segundo, dando aos cinéfilos uma nova opção de consumo. Dizem que a mudança faz muita diferença, mas o real impacto, só conferindo. Entretanto, para tal, é necessário que as salas atendam à nova demanda de cadência na projeção, o que restringe a nova tecnologia HFR 3D a poucas salas brasileiras.

De maneira geral, e também pelo burburinho, o novo filme de Jackson promete causar um rebuliço. E certamente faz jus à fama. Mas sem dúvidas merecia uma adaptação menos pretensiosa e um tanto mais charmosa. Não pela capacidade de execução, pois não resta dúvidas de que é excelente, mas pela ausência de uma real necessidade de transformar o livro em uma trilogia. Ou melhor, uma necessidade outra que não fazer dinheiro. Mas isso é outra discussão.

Cotação: **** (Ótimo)