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Periguete e polêmica: Madonna exibe vigor em show no Rio 

Popstar se apresentou para 67 mil fãs neste domingo (2)

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Às 22h57 da noite deste domingo (2), após quase três horas de atraso, a rainha do pop Madonna começou seu primeiro show da Mdna tour no Brasilno Parque dos Atletas, Zona Oeste do Rio. As outras datas são dias 4 e 5 de dezembro, no Estádio do Morumbi. Sua passagem pelo país será fechada em 9 de dezembro em Porto Alegre, no Estádio Olímpico.

Um público já impaciente a aguardava e quatro longas vaias já haviam sido dadas. A falta de organização do evento, as longas filas para compra de alimentos e banheiros e a espera da entrada da popstar foram as maiores reclamações dos presentes no local. Porém, ao desligar das luzes do palco de 374 toneladas, os 67 mil fãs pareceram esquecer do resto e pararam para assistir a ópera pop da cantora que já vendeu 300 milhões de CDs. 

Telões recriam a entrada de uma catedral, em um clima de cerimônia religiosa. Dois monges balançam um imenso incensário, e um sino anuncia que o show vai começar. Uma cruz com a palavra MDNA está no telão do meio. O trio francês Kalakan entoa cantos gregorianos.

Madonna pede perdão a Deus por seus pecados e aparece no palco, saindo de um confessionário vestida de santa, com um fuzil na mão. Começa Transgression, o primeiro bloco do show, com críticas à igreja e à violência. Literalmente vestida para matar, como uma espiã dos filmes antigos, a estrela abre o espetáculo com Girl gone wild, enquanto o público comentava sobre o uso de playback. 

Tiros, mortes, sangue e atos violentos seguem nas músicas seguintes, Revolver e Gang bang. O público começa a se animar ao som de Papa don't preach, sucesso das antigas. Só na sexta música, I Don’t Give A, aparentemente ela canta pela primeira vez ao vivo. 

Vestida de líder de torcida, a rainha do pop traz para o palco Express yourself, que abre o segundo bloco, Prophecy, o mais alegre do show. Ao cantar o trecho de Born this way, de Lady Gaga, ela olha para todos com um ar debochado, e canta “Ela não sou eu”, levando os fãs ao delírio.

"Eu sou periguete?", pergunta Madonna

“Eu sei que vocês gostam de samba e de percussão, então agora vou cantar músicas mais antigas”, e se senta para descansar, visivelmente incomodada com o calor, em uma parte mais intimista do show, a única em que ela conversa com o público. Conhecida por defender minorias sociais, a artista discursa sobre a paz mundial, lembra os mortos nas guerras civis e nas favelas. “É preciso fazer uma revolução e mudar o mundo”, ela instiga.

O terceiro bloco, Masculine/Feminine, tem o sexo como tema principal e traz uma nova versão do espartilho criado por Jean Paul Gaultier. O show chega a uma hora de duração. Sob ares de um cabaré, Madonna faz evoluções sensuais com seus dançarinos, entre eles o namorado, Brahim Zaibat. Uma deprimida versão piano de Like a Virgin apresenta um strip tease. Madonna fica de lingerie preta, e deixa à mostra um corpo esculpido por muita malhação, sem celulites e uma tatuagem: “Periguete”, gíria brasileira que remete às mulheres ousadas. Ela foi chamada assim pelos fãs durante a passagem de som, que ocorreu mais cedo neste domingo (2).

“Eu sou periguete? Então, quero dedicar esta música a todas as periguetes do mundo. Uma periguete inspira outras”, e ri, descompromissada. O último ato, Redemption, tem a cantora já com o cabelo bastante bagunçado, quase sem maquiagem, mas muito animada, bem mais que no começo do show.O ponto alto do espetáculo é Like a prayer, com Madonna segurando a bandeira do Brasil, acompanhada por um coral. O show se encerra após quase duas horas com Celebration. O palco se tranforma em uma grande pista de dança, e ela se diverte na companhia de Rocco, seu filho, que também esteve presente em outras músicas. Sem bis, Madonna agradece a todos e finaliza com "Eu amo muito muito todos vocês".

A cantora de 30 anos de carreira, sempre em busca pela perfeição, não mede esforços para manter seu título de rainha do pop. O palco deste espetáculo tem os maiores telões já vistos em um show e estruturas que se transformam a cada música. Segundo a revista Billboard, esta turnê será a mais rentável de 2012.

Os 54 anos da popstar podem ser percebidos - rosto já bem sulcado por rugas, porém em um corpo bem malhado - mas nada que ofusque sua atuação. Madonna se mostra vigorosa, ativa e criativa em sua nona turnê, que conta uma história cheia de simbolismos, aborda contradições e coloca o público para refletir. 

Para atacar a violência, ela dispara tiros no palco para todos os lados. Ao falar de religião, faz o papel de santa e pecadora, critica o Papa e defende a cabala. Brinca com o sexo como se fosse homem e mulher. E tudo isso pedindo a paz mundial.

A cada troca de roupa, uma nova mulher surge diante dos olhares dos fãs, com cabelos, visual e até atitudes diferentes. Comparações com outras artistas pop são inevitáveis, afinal, foi ela a precursora dos grandes espetáculos teatrais. Usando ou não playback, ela justifica seu título de rainha. E Madonna sempre consegue se reinventar, mostrando que ainda há muito a criar e polemizar.