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Crítica: "Curvas da vida"

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Chega aos cinemas brasileiros o novo filme do veterano Clint Eastwood, que desde de Linha de Fogo, de 1993, só era visto em filmes dos quais assinava a direção. Fugindo a regra, Clint entra em cena em Curvas da Vida, longa em que o escolado produtor Robert Lorenz, parceiro antigo de Eastwood, faz sua estreia na cadeira de diretor.

Clint dá vida a Gus Lobel, um olheiro de beisebol de sensibilidade apurada, considerado o melhor do ramo por décadas. Alheio às novas tecnologias e descrente das análises estatísticas nas escolhas dos novos membros da equipe, Lobel é daqueles que confia, indiscutivelmente, no seu feeling. Mas, apesar de seus esforços pra esconder, a idade está começando a afetá-lo e ele começa a perder a visão, devido a um glaucoma. No entanto ele, que conhece um bom arremesso pelo barulho da rebatida, se recusa a sair de cena.

De posse de, talvez, sua última missão, visto que o contrato que o liga ao Atlanta Braves está em vias de acabar, Lobel parte para os campos amadores para avaliar a mais promissor rebatedor da geração. Sabendo da doença do amigo, Pete Klein (John Goodman), pede que Mickey (Amy Adams), filha de Gus, o acompanhe nessa missão. Contrariando a vontade do pai, a advogada se lança à carga tendo, no fundo, um objetivo: conhecer aquele homem obscuro que figura como seu pai. Condição que ressignifica o filme e faz bifurcar a sua trajetória em duas estradas poderosas.

Por um caminho, continuamos acompanhando a avaliação do rebatedor e os esforços dos “modernistas” do time para que o olheiro seja afastado das funções; este recorte empresta ao filme ritmo e agilidade, além de boas tiradas cômicas. No outro caminho, acompanhamos de perto a tentativa de Mickey de aterrar o abismo que existe entre ela e o velho Lobel, enquanto batalha por uma vaga na sociedade do escritório de advocacia onde trabalha; já este recorte, tem o mérito de trazer para o longa a densidade necessária para que o consideremos mais do que um blockbuster, apesar de não podermos negar que o seja. 

Com tudo isso, o cineasta ainda encontrou espaço para dar ao filme uma pincelada de romance, quando o olheiro do time rival ao Atlanta, vivido por Justin Timberlake, se apaixona por Mickey.

Com um elenco equilibradíssimo, Curvas da Vida, é um daqueles filmes prazerosos de assistir: boa trilha, ritmo bom, cortes precisos, bonita fotografia… Contudo, jamais será disposto na prateleira dos cults e afins. É um filme pipoca muitíssimo bem feito. Seu único problema: o título.

Não é de hoje que a indústria cinematográfica sofre com a titulação de algumas obras. Temos, aqui, um exemplo de total inadequação. O título que já era fraco no original – Trouble With The Curve, “Problemas com a curva”, livremente traduzido – recebeu uma adequação para o português que nada tem a ver com o filme. Um deslize – muito mais comum do que deveria – que não compromete a leve experiência de ver Curvas da Vida.

Cotação: **** (Ótimo)