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Crítica: "E a vida continua..."

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Psicografada por Chico Xavier, a obra do espírito André Luiz, E a Vida Continua..., best-seller em 1968, ganhou as telas de cinema de forma bastante surpreendente. À frente da direção está o estreante Paulo Figueiredo, mais conhecido por suas atuações no cinema e, principalmente, na televisão. O resultado é, no mínimo, interessante.

O longa parte do encontro aparentemente aleatório entre uma jovem mulher (Amanda Acosta) e um senhor (Luiz Baccelli) que a auxilia após um pedido de socorro na estrada. Nasce, então, uma amizade que, a princípio, tem como laço o acaso e a tristeza que ambos carregam. Ao longo da jornada, a conexão entre os dois se revela cada vez maior ao ponto de transcender o mundo físico. A coincidência dá lugar ao destino. Até então, um romance espírita clássico. Mas o que o filme tem de especial não é apenas o conteúdo, é também a forma.

Forçados e apresentando o tema de maneira muito similar ao clássico Telecurso 2000, as atuações e os diálogos arrancam boas risadas. A maioria dos personagens é extremamente caricata. Da dupla marido-sem-caráter-com-o-sorrisinho-sinistro e amante-biscate-salto-transparente até esposa-boa-com-expressões-puras e amigo-mais-velho-com-tom-de-professor. Não bastasse isso, dramas e tragédias familiares almodovarianos costuram a trama.

Outro ponto forte é Lima Duarte e seu defeito especial aural que surge na moita. Impagável! Todos estão engraçadíssimos ao mesmo tempo em que cumprem papéis esclarecedores para aqueles que não conhecem o espiritismo. Mensagens belas, risadas e espiritualidade. Uma difícil combinação, se tratando de religião.

No fim, o que era para ser uma adaptação séria, se torna uma comédia didática genial. Talvez a primeira comédia trash espírita a chegar às telonas. Ensina e ilumina sem ficar monótono. Não era essa a intenção, mas como dizem no filme: nada é por acaso. Bravo!

Cotação: ** (Bom)