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Pré-adolescente rouba a cena em coletiva de 'Tão forte, tão perto'

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Um pré-adolescente com cara de menino e articulação de adulto  roubou a coletiva de imprensa do filme “Tão forte e tão perto”, de Stephen Daldry, que fez sua estreia nesta sexta-feira, dia 10, na programação da 62ª edição do Festival de Berlim. Ele é Thomas Horn, o californiano de 14 anos de idade que interpreta um menino inteligente e superativo de Nova York que tenta desvendar o mistério por trás de uma chave deixada por seu pai, joalheiro morto nos atentados às Torres Gêmeas, em 2001. 

“Este é o meu primeiro trabalho como ator profissional. Antes disso, só havia feito uma peça na escola, na qual eu interpretei  um gafalhoto”, avisou o jovem, arrancando gargalhadas da plateia de jornalistas. “É de se esperar, portanto, que este papel tenha sido um grande desafio para mim. Mas o Stephen (Daldry)  esteve por perto o tempo todo, me ajudando a entender quem era o meu personagem, o que ele fazia e o porque ele fazia o que faz”, disse Thomas, que brincou com seus companheiros de mesa, Daldry e o ator Mas von Sydow.

No novo filme do realizador de Billy Elliot (2000) e As horas (2002), que concorre aos Oscar de melhor filme e ator coadjuvante (Sydow),  Thomas canaliza a energia física e intelectual do pequeno Oskar Schell, um menino de 9 anos de idade que sempre se entusiasmou pelos jogos e desafios imaginados pelo pai (Tom Hanks), por quem revela uma afeição profunda.  Quando este desaparece em meio aos escombros dos ataques terroristas, o garoto vê na chave e no mistério que ela guarda a única forma de prolongar a relação com o pai morto.

Thomas era um bebê quando os prédios do World Trade Center ruíram, mas tem a exata noção do significado e do peso do tragédia. “Não tenho lembranças dos atentados, porque eu tinha três anos na época. Mas acho que aquelas imagens não fariam bem à formação de uma criança. É muito complicado lidar, em uma fase da vida tão crucial, com a dor de uma tragédia como aquela, cujas consequências ainda sentimos hoje, dentro e fora dos Estados Unidos”, analisou o rapaz.

Os filmes da competição desta sexta-feira não entusiasmaram muito a plateia berlinense. O francês “À moi seule”, de Frédéric Videau, acompanha o processo de recuperação de uma jovem que foi raptada ainda e criança e viveu isolada do mundo por seu sequestrador por oito anos. A trama alterna o período em que a jovem viveu em cativeiro, a terapia a que é submetida após sua libertação e o traumático retorno ao convívio com os pais, hoje separados.

Aujourd’hui, o outro candidato francês do dia, oferece uma visão poética do último dia de vida de um senegalês. Apesar da aparência suadável, Satché (intepretado pelo rapper e poeta americano Saül Williams) aceita a ideia da morte iminente e retorna às ruas de sua cidade natal e repassa sua relação com as coisas e as pessoas que marcaram sua existência: a casa dos pais, a primeira mulher por quem se apaixonou, os amigos, a mulher e os filhos. “É um filme sobre o medo da morte, mas que, ao mesmo tempo, celebra a vida”, explicou o diretor Alain Gomis.