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Crítica: 'Liebe Paradiso'

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Liebe Paradiso não é um disco fácil de ser ouvido, e pode decepcionar quem for atraído apenas pelos grandes nomes que fazem parte do CD, a começar pelo compositor Ronaldo Bastos e o instrumentista e cantor Celso Fonseca, pais do disco Paradiso, de 1997, que inspirou o novo trabalho. Liebe é, na verdade, uma reciclagem, aproveitando partes das gravações originas de Paradiso, cujas faixas ganham novos intérpretes, sons e instrumentistas.

A constelação de artistas que faz parte de Liebe Paradiso inclui cantores como Nana Caymmi, Adriana Calcanhoto, Luiz Melodia e Milton Nascimento, além de instrumentistas como Marcos Valle, Marcio Montarroyos, Arthur Maia e Armando Marçal. Alguns participaram do disco original, e outros gravaram para o novo trabalho. Das 12 faixas, apenas duas foram totalmente regravadas.

Liebe Paradiso é praticamente um disco experimental, daqueles que, além de não agradarem aos ouvidos mais acostumados a obras mais digeríveis, necessita de tempo, paciência e dedicação por parte do ouvinte. Só assim é possível captar a essência do que os produtores Duda Mello e Leonel Pereda quiseram - e conseguiram - mostrar. Uma dica é ouvir o disco algumas vezes, guardá-lo por poucos dias, e ouvir de novo. Acredite: funciona.

Entre as canções menos difíceis para os primeiros ouvido estão Você não sacou, interpretada por Paulo Miklos, com pegada mais pop e orgânica; e Ela vai pro mar, na qual Luiz Melodia dá show de interpretação, emoldurado pela solo original do trombonista Vítor Santos.

Há também as difíceis, como Polaroides, na qual se ouve uma Sandra de Sá sem a descontração habitual, e O tempo não passou, uma das faixas gravadas do zero e interpretadapor Adriana Calcanhoto, com participaçnao, entre outros, de Domenico Lancelotti nas programações. Mas o tempo cuida de tornar audíveis mesmo as canções mais difíceis.

Deve ter sido muito instigante e divertido fazer Liebe Paradiso, a partir de uma excelente ideia de se recriar praticamente um disco inteiro. Faltou apenas, para quem não teve acesso ao trabalho original, a oportunidade de comparar as duas obras. Disponibilizar a íntegra de Paradiso na web não é má ideia.