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Médico de Jackson alega que o cantor se matou

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O médico do cantor Michael Jackson foi culpado de "negligência grave", que levou à morte do ídolo do pop, disse um promotor nesta terça-feira. Mas o advogado do médico afirmou que foi Jackson que se matou.

No início do aguardado julgamento de Conrad Murray, seu advogado disse que o cantor tomou dois medicamentos diferentes enquanto o médico se ausentou de seu quarto, em 25 de junho de 2009. Jackson morava em uma mansão alugada.

>> Veja a cronologia das últimas horas de vida de Michael Jackson

Ed Chernoff afirmou que o cantor ingeriu oito comprimidos de 2mg de Lorazepam, o que elevou a concentração desse ansiolítico em seu sangue para 0,169 microgramas por mililitro, quantidade que poderia colocar para dormir seis pessoas.

"Ele fez isso sem o conhecimento e sem a permissão de seu médico, contrariando as suas recomendações. Isso causou a sua morte", alegou o advogado, acrescentando que o cantor, que tinha 50 anos, também tomou uma dose extra do sedativo propofol, que usava para conseguir dormir.

"Provas científicas irão mostrar que, quando o Dr Murray deixou o quarto, Jackson administrou em si mesmo uma dose de propofol que, com o lorazepam, bombardeou o seu corpo. A combinação o matou instantaneamente... Ele morreu tão rapidamente, tão instantaneamente, que não teve tempo nem de fechar os olhos", descreveu o advogado.

Murray, 58, pode pegar até quatro anos de prisão se for condenado por homicídio culposo pelo júri, formado por sete homens e cinco mulheres. Ele é acusado de ter administrado em Jackson uma dose excessiva de propofol - que o cantor chamava de "leite" -, para combater sua insônia crônica.

Murray, um cardiologista, nunca negou ter prescrito propofol - usado como anestésico em cirurgias - a Jackson, mas negou ter "abandonado o paciente" no momento de sua morte.

Na declaração inicial da promotoria, o promotor David Walgren, disse: "As provas mostrarão que Michael Jackson literalmente entregou sua vida nas mãos de Conrad Murray. Essa confiança indevida custou sua vida."

Walgren afirmou que Murray era mais motivado por seu contrato de 150 mil dólares com o cantor do que por seu dever de cuidar de Jackson. Ele reproduziu uma gravação em que o cantor, aparentemente dopado, conversava com Murray com uma pronúncia inarticulada, sugerindo que o médico tinha conhecimento do quão doente Jackson estava.

Também foi exibida uma fotografia inédita do corpo do cantor em uma maca. A uma certa altura, o médico, que também era amigo de Jackson, enxugou os olhos.

Chernoff respondeu que Murray aplicou Propofol no cantor apenas depois de Jackson ter suplicado, dizendo: Se não durmo, se não conseguir dormir, não poderei ensaiar. Se eu não ensaiar, não poderei fazer o show, vou fracassar."

Foram exibidos vídeos do último ensaio das músicas "The Way You Make Me Feel" e "Earth Song" antes da morte de Jackson.

A mãe, Katherine, e o pai do cantor, Joe, compareceram ao tribunal, assim como os irmãos de Jackson Jermaine, Janet, LaToya, Randy, Tito e Rebbie. Trezentos fãs e curiosos se aglomeravam em frente ao prédio, alguns chamando Murray de assassino. Uma mulher tentou agredir o médico antes do julgamento, mas foi impedida pelos seguranças.

Segundo o produtor dos shows da turnê "This Is It", Kenny Ortega, primeira testemunha a depor, Jackson planejava fazer uma turnê mundial e, depois, dedicar-se ao cinema, o que incluiria uma adaptação para as grandes telas de seu videoclipe "Thriller".

O juiz Michael Pastor deu por encerrado o dia pouco depois das 16h locais, lembrando aos jurados que eles devem evitar os jornalistas e não podem ler nada referente ao julgamento que for publicado na mídia ou nas redes sociais.

Fãs de Jackson defendem uma acusação mais severa contra Murray. Dez integrantes da organização Justice4mj concentravam-se em frente ao tribunal, vestindo camisetas pretas com o nome do grupo estampado.